INDÚSTRIA A. CASTELLANO QUER MAIS DIÁLOGO

Leonardo Castellano, diretor de mercado da empresa A. Castellano, é muito crítico com as políticas adotadas pelo sistema financeiro brasileiro e a falta de diálogo do governo para com as indústrias, como contou nesta entrevista exclusive à revista Revenda Construção.

Sua empresa está em operação ou fechada?

Fechamos em 20/03/2020 e abriremos em meados de abril para reavaliação do cenário

Está fazendo alguma ação diferenciada para atender o varejo?

Imediatamente propusemos o pagamento de apenas 50% dos títulos vencidos e a vencer, e o saldo de 50% prorrogando por 30 dias sem acréscimos, ou mais de 30 dias com correção de 1%a/m,  e suspendemos qualquer tipo de negativação/protesto.

Funcionários foram demitidos?

Não, mas já calculamos que não vamos conseguir suportar o quadro de funcionários atual caso não haja retomada de faturamento

no máximo em 13/04/2020 e esta retomada no máximo com 10% de queda, caso contrário, se a retomada for em ritmo com queda de mais de 10%do movimento médio dos ultimos 6 meses, ainda assim teremos que avaliar demissões. O problema é que os bancos agiram completamente na contramão e simplesmente aumentaram os juros; dinheiro tem e rating para tomarmos temos, nossas linhas são até pré aprovadas sem burocracia, mas a um custo simplesmente inacreditável e que subiu sem explicações de taxa de juros , simplesmente impraticável. Sem taxas realistas na casa dos 8% a 10% a/a e 6 meses de carência com 36 a 48 meses para pagar, não terá como segurar os empregos.

O estoque de produtos será suficiente para atender aos pedidos quando normalizar a situação?

Sim, estamos abastecidos e temos matéria-prima programada para entrega até setembro de 2020

Quando acredita na retomada das operações?

Desde que seja o sentido de “acreditar” como crença, fé, esperança, acredito que a partir de meados de maio 2020; mas analiticamente,

a descoordenação política e o caminho inacreditável trilhado pelos bancos, me deixa sem base alguma para fazer previsões.

A empresa está negociando com entidades governamentais para amenizar os prejuízos neste período de desabastecimento?

Não há com quem falar, e ainda que houvesse, entidades governamentais falam uma língua diferente da do empreendedor; eles não sabem o que é gerenciar burocracias inúteis a nós impostas sem piedade, não tem a menor idéia do que é fluxo de caixa, não sabem que gastamos 40% do nosso tempo útil preenchendo dados burocráticos para apurar impostos, outros 5% para pagá-los e pode colocar mais 10% para controlar se fizemos tudo direito; ou seja mais da metade de nosso tempo útil é para satisfazer o governo, depois das demais tarefas do dia-a-diade gerenciar uma empresa, sobra pouco para pensar em tecnologias novas, métodos de produção, novos produtos, praticamente temos que escolher entre dormir ou fazer estas coisas.