O ANO DA ACELERAÇÃO?

Os últimos anos não foram fáceis no Brasil. Ao longo do governo Dilma, erros e mais erros de política econômica somaram-se a escândalos de corrupção, culminando com o impeachment da Presidenta e a maior crise econômica da história brasileira. No governo Temer, muitos dos erros de política econômica e os consequentes desequilíbrios inflacionários e de contas externas foram corrigidos e uma importante Reforma Trabalhista foi aprovada, mas, novos escândalos de corrupção impediram a aprovação da Reforma da Previdência. Por consequência,o desequilíbrio das contas públicas continuou.

Apesar disso, e de muitos choques políticos e econômicos que atrapalharam a economia – delações de Marcelo Odebrecht e Joesley Batista, R$ 51 milhões encontrados no bunker do Geddel, greve dos caminhoneiros, incerteza causada pelas eleições, alta de juros nos EUA e guerra comercial americana –, o PIB brasileiro cresceu em todos os últimos 8 trimestres.

Cresceu, mas cresceu pouco. É aí que vem a boa notícia.

Se as Reformas da Previdência e Tributária forem aprovadas, como se espera, e o cenário externo não piorar significativamente, o crescimento da economia brasileira tem tudo para se acelerar em 2019. O fim da incerteza eleitoral e a expectativa de que o novo governo adotará uma agenda mais liberal, diminuindo o peso do Estado, vem gerando otimismo na classe empresarial, que tem anunciado vários investimentos significativos nos próximos anos. Em novembro, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) da Confederação Nacional da Indústria (CNI) foi o mais alto desde 2010, ano em que o PIB cresceu 7,5%.

A inflação está estabilizada próxima à meta, o que indica que, salvo uma grave crise externa que cause uma forte alta do dólar, elevando, significativamente, o preço de produtos importados e a própria inflação por aqui, a taxa Selic, a menor da história, deve permanecer onde está por algum tempo. Com a expectativa de juros básicos baixos e estáveis e a confiança em elevação, é provável que os bancos aumentem a oferta de crédito, impulsionando consumo e investimentos e beneficiando, particularmente, os setores de bens duráveis, como, por exemplo, imóveis e veículos, que, alias, já tiveram crescimento de vendas de dois dígitos em 2018.

Além do crédito, o consumo também deve ser impulsionado pelo crescimento do número de pessoas empregadas, particularmente dos trabalhadores com carteira assinada. De janeiro a outubro deste ano, o número de pessoas empregadas com carteira aumentou em 790 mil pessoas. Com o aumento da confiança do empresariado, é provável que a geração de empregos se acelere e com ela a massa de renda e a capacidade de consumo da população. Por outro lado, a taxa de desemprego ainda está muito alta, o que deve limitar as altas de salário e inflação.

Com tudo isso, se as reformas forem, de fato, aprovadas, e uma crise internacional não se materializar – o risco que mais me preocupa neste momento – é provável que o crescimento do PIB, em 2019, supere não apenas o deste ano, mas, também, a expectativa média dos economistas, que, atualmente, está em 2,5%.