MONTANHA RUSSA DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO

Em 2018, foi recorrente a sensação de que quando parecia que as vendas do comércio de materiais de construção cresceriam, acabavam decrescendo. Por outro lado, quando parecia que decresceriam, acabavam crescendo.

Para melhor definir essa situação, considerando a Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE, sempre no volume de vendas (nominal deflacionado/real) e no comparativo com o mês anterior, com ajustes, o comércio do setor decresceu em janeiro, cresceu em fevereiro, decresceu em março, cresceu em abril, decresceu em maio, cresceu em junho, decresceu em julho, cresceu em agosto, decresceu em setembro, cresceu em outubro, e, por fim, decresceu duas vezes seguidas, em novembro e dezembro. Entre subidas e descidas, fechou 2018 positivo em 3,5%.

Certamente, é mais difícil planejar investimentos e vendas com frio na barriga.

Mas, e agora? Como está essa montanha russa? 


Em 2019, também em termos reais, com ajustes e em relação ao mês anterior, o comércio de materiais de construção cresceu por quatro vezes seguidas: em janeiro, 0,5%; fevereiro, 0,3%; março, 2,2%, e, em abril, 2%. Depois decresceu por dois meses seguidos: maio, -2%, e, junho, -0,9%. E, por fim, cresceu em julho, 0,7%; decresceu em agosto, -0,8%…

E, assim seguimos com frio na barriga.

Esse cenário volátil demonstra, como todos os outros dados conjunturais, a irregularidade e morosidade da recuperação econômica, porém, ao que tudo indica, de uma maneira mais consistente, ao lado da agenda reformista e privatizante do atual governo, do que uma recuperação econômica inflada pela mão pesada do Estado.

De qualquer maneira, justamente devido a essa maior consistência, talvez devemos nos acostumar com pequenos ganhos de share e percentuais mais modestos de desempenho, do que os números inebriantes com os quais convivíamos e sob os quais traçavam-se metas até meados de 2014.

Esse mundo deixou de existir, não só pela conjuntura nacional, mas também, pela nova realidade econômica global, alavancada, entre tantas outras alterações, pelas mudanças comportamentais de consumidores, alguns governos e muitas corporações, mais maduros e responsáveis, que valorizam seus próprios recursos, simultaneamente aos recursos naturais.

O fato é que, num cenário econômico de recursos moderados, e, por consequência, mais competitivo, a diferença de interpretação e ação se faz nos detalhes, somente captáveis por políticas contínuas de questionamentos, coleta, organização de dados, leituras de informações, conclusões e capacidade de ajustes e/ou implantações.

Porém, não há qualquer garantia de que tudo dará certo no final, mas, apenas, de que o percurso será realizado com mais consciência. 

Lembrando o filósofo Heráclito de Éfeso, o mesmo que disse, por volta de 500 a.C., que não podemos nos banhar duas vezes num mesmo rio, pois tanto o rio se modifica, quanto nos modificamos a cada instante, a única constante é a mudança.

Com a diferença de que hoje, mais de 2.500 anos depois, seja possível fazê-la com dados, informações e conhecimento científico.

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