INDÚSTRIA DO CIMENTO PRECISA DE ESTABILIDADE

CIMENTO – A indústria brasileira de cimento, junto com outros setores, assumiu importante protagonismo para evitar um colapso ainda maior na saúde e na economia e, dessa forma, ajudar a amortecer os efeitos da pandemia.

Além das medidas básicas de proteção aos trabalhadores, os investimentos das cimenteiras alcançaram R$ 60 milhões com iniciativas como a disponibilização de equipamentos para lavagem de vias e locais públicos e doação de insumos e equipamentos hospitalares, além da construção e aparelhamento de leitos de UTI e enfermarias. Tudo isso nos grandes centros e cidades, sem perder a atenção naqueles municípios e comunidades onde as fábricas de cimento têm suas operações.

O levantamento do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic) mostra que as vendas de cimento cresceram 3% em maio, na comparação anual, somando 4,8 milhões de toneladas. Entre janeiro e maio, houve uma queda de 0,3% em relação ao mesmo período de 2019. Segundo o Snic, os números estão sob o efeito da continuidade das obras imobiliárias formais, dos reflexos das medidas de auxílio emergencial familiar por parte do governo, além do uso de reservas pessoais para pequenas obras e reformas. Tais fatores, somados a uma inflação baixa, têm sustentado a massa salarial que, aliada ao fato de as pessoas permanecerem mais em casa, impulsionou a chamada autoconstrução, realizada pelo proprietário.

Portanto, o futuro está ligado diretamente à recuperação do País, porque o consumo de cimento reage intensamente à variação do PIB nacional e às taxas de desemprego. Um período de volatilidade é aguardado, mas não é possível prever a dimensão hoje.

ESTABILIDADE

Mas, a indústria de cimento precisa de estabilidade para crescer nos próximos anos. Este é o consenso entre os executivos do setor que julgam indispensável um planejamento de ações coordenadas na infraestrutura do País para alavancar a construção civil após a pandemia da Covid-19 e assegurar um crescimento sustentável e contínuo à médio e longo prazos.

Para o CEO da Cimento Mizu, Roberto de Oliveira, a situação atual com a pandemia da Covid-19 será superada, assim como outras crises que aconteceram em anos passados, mas o que o País necessita é de uma visão de crescimento contínuo. “Por quantos anos queremos crescer? É a pergunta que temos que fazer. Precisamos, no Brasil, das reformas tributária, administrativa e política, que irão oferecer segurança para potenciais investidores nacionais e internacionais ao longo dos anos. Com as reformas devidamente implementadas, podemos atingir um patamar contínuo de crescimento, uma perspectiva de crescer 3% ao ano nos próximos 50 anos”, diz Oliveira.

O CEO da Cimento Nacional, José Eduardo Ferreira Ramos, concorda que as reformas e a estabilidade jurídica são questões indispensáveis para o planejamento do País de forma mais organizada. Para ele, a carência de infraestrutura é enorme no Brasil inteiro e a pandemia escancarou as diferenças sociais e tornou ainda mais radical a necessidade de ações coordenadas do Governo Federal neste sentido. “A indústria de cimento está associada a qualidade de vida, uma vez que está inserida na efetiva execução de obras para suprir a falta de saneamento básico em diversas regiões e o déficit habitacional, por exemplo”, afirma.

Já o presidente da Cimento Apodi, Emmanouil Mitsou, lembra que o Brasil, como um país em desenvolvimento, tem um potencial que ainda não foi atingido. “O consumo per capita de cimento no Brasil é de 260 kg, quando a média mundial é de 500 kg, número que sobe ainda mais para países em desenvolvimento. Só na China, por exemplo, o consumo chega a 1.200 kg per capita”, pontua.

A dúvida entre os executivos é qual será o real impacto pós-pandemia no setor, porque os efeitos não foram sentidos ainda no mercado de vendas. Com o setor da construção civil em atividade, a venda de cimento a granel por meio das concreteiras está aquecida e o cimento ensacado também mantém números favoráveis em razão da autoconstrução.

Concrete Show

Uma boa oportunidade de sentir a força do setor será visitando o Concrete Show, reconhecido como um dos mais importantes pontos de encontro da construção civil. Neste ano, o evento acontece de 24 a 26 de novembro no São Paulo Expo, em São Paulo (SP), organizado pela Informa Markets – que em junho de 2018, tornou-se o grupo líder em serviços de informações B2B e o maior organizador de eventos B2B no mundo.

Único evento da América Latina a reunir toda a cadeia produtiva do concreto, o Concrete Show chega à 13ª edição em 2020. Realizado há mais de 12 anos, reúne, anualmente, mais de 350 marcas expositoras ao longo de três dias de evento, com soluções de mais de 50 segmentos: desde equipamentos para terraplenagem, canteiros de obras e projetos estruturais, até tecnologias de ponta para a cadeia produtiva do concreto.