CONHECIMENTO SEM LIMITE É DISPERSÃO

Nas últimas semanas trabalhamos na estimativa do faturamento do varejo do setor para venda de materiais de construção, reelaborando dados anteriores e recombinando e atualizando fontes fidedignas e dados secundários disponíveis: SBVC – Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo –, Varese Retail e IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –, propondo, assim, um valor de R$126,6 bilhões, em 2018.

Do sell-out proposto, aplicando a participação no PIB brasileiro, a região Sudeste corresponderia a 53,17%, ou, aproximadamente, R$67,3 bilhões; a região Sul corresponderia a 17,03%, ou, aproximadamente, R$21,5 bilhões; a região Nordeste corresponderia a 14,33%, ou, aproximadamente, R$18,1 bilhões; a região Centro-Oeste corresponderia a 10,1%, ou, aproximadamente, 12,8 bilhões, e, a região Norte corresponderia a 5,38%, ou, aproximadamente, R$6,8 bilhões. 


Utilizando como fonte o Ranking 300 Maiores Empresas do Varejo Brasileiro 2019, lançado recentemente pela SBVC, os cinco maiores varejistas do setor (considerando home centers que tem como escopo principal as vendas de materiais de construção e complementos, excetuando eletroeletrônicos e eletrodomésticos) corresponderiam a 8,16% do faturamento total Brasil, ou, aproximadamente, 10,3 bilhões.

Então, recorrendo, agora, a dados de um estudo de 2013, realizado pelo GS&MD – Gouvêa de Sousa, estimamos que, o restante do faturamento seria oriundo de “Outros Home Centers, Lojas Grande e Médias”, correspondendo a 28,3%, ou, aproximadamente, R$35,9 bilhões, e, Lojas de Bairro (pequenas, especializadas ou multicategorias), correspondendo a 63,5%, ou, aproximadamente, R$80,4 bilhões.

Delimitado, assim, o segmento, ao que tudo indica, em 2019, esse comércio significativamente pulverizado deverá crescer pelo terceiro ano consecutivo, sendo, inclusive, o principal responsável, nos anos de 2017 e 2018, pelo desempenho positivo de muitas indústrias do setor, diante do travamento das obras de infraestrutura com recursos públicos e privados e fraco desempenho dos lançamentos de imóveis novos pelas construtoras (em recuperação no ano vigente).

Ao considerarmos o desempenho do primeiro semestre de 2018, quando o volume de vendas (real/nominal deflacionado) do comércio de materiais de construção havia crescido 4,9%, fechando o respectivo ano em +3,5%, e, projetando o desempenho do primeiro semestre de 2019, com crescimento de 3,8%, é possível inferir que, sob condições isoladas e meramente matemáticas, o volume de vendas do comércio de materiais de construção crescerá 2,7%, em 2019

No entanto, vivemos num mundo hiperconectado e regido pela subjetividade e acaso, e variáveis diversas internacionais e nacionais podem alterar, bruscamente, todo e qualquer exercício preditivo: Quais serão os próximos desdobramentos da guerra comercial entre Estados Unidos e China? Quem ganhará a eleição na Argentina? Quais serão os impactos da liberação de saques em dinheiro de contas do FGTS e PIS/Pasep? Com a aprovação da reforma da Previdência, a melhora do ânimo do mercado se traduzirá, de fato, em novos investimentos? E o próximo tweet de Jair Bolsonaro? 

Enfim, o que fará a diferença será a resiliência com a qual se ajustam as diversas ações planejadas, porém, ser resiliente bem informado e com inteligência é muito mais efetivo do que sê-lo dispersa e aleatoriamente.

Nos próximos artigos voltaremos a nos concentrar nas análises do consumo de materiais de construção.

O sistema de compartilhamento de inteligência de mercado DataMkt Construção é cogerido por Leroy Merlin, Eucatex, Votorantim Cimentos e Deca, empresas empenhadas em entender os novos tempos e contribuir para o crescimento e profissionalização do segmento.