CRESCIMENTO DIGITAL, TIJOLO POR TIJOLO

Na semana passada, foram apresentados os números da 34ª edição do Relatório Webshoppers, principais dados que balizam o mercado e fornecem confiáveis indicativos sobre as perspectivas futuras do comércio digital brasileiro.

Como se inserem e quais seriam as perspectivas futuras para os e-commerces de materiais de construção neste cenário?

Segundo o relatório da Ebit, o mercado de e-commerce faturou R$19,6 bilhões no primeiro semestre de 2016, um crescimento nominal de 5,2%, no comparativo com o primeiro semestre de 2015, considerando uma inflação geral no comércio digital de 2,83%.

Apenas para referência, nos mesmos períodos comparativos, segundo o IBGE, o Varejo Ampliado (que abarca todos os grupos de atividades, incluindo veículos, motos, partes, peças e material de construção) encolheu nominalmente 0,8%, considerando uma inflação geral no primeiro semestre de 4,42%.

A projeção de crescimento nominal para 2016, comparado com 2015, é de 8%, a primeira vez que o mercado de e-commerce crescerá apenas um dígito, totalizando um faturamento ano de R$44,6 bilhões. Não há projeções percentuais para o Varejo Ampliado, mas, certamente, será inferior.

O número de e-consumidores ativos no primeiro semestre de 2016 chegou a 23,1milhões, um crescimento de 31%, em relação ao primeiro semestre de 2015.

Quanto ao poder aquisitivo, tem se notado um contínuo decréscimo na participação nas compras dos consumidores online com renda familiar inferior a R$3.000,00, passando de 44,71% no primeiro semestre de 2014, para 40,34%, no primeiro semestre de 2015, e, por fim, para 34,7%, no primeiro semestre de 2016.

Por outro lado, tem se notado um contínuo crescimento na participação nas compras dos consumidores online com renda familiar superior a R$8.001,00, passando de 11,99% no primeiro semestre de 2014, para 15,09%, no primeiro semestre de 2015, e, por fim, para 19,24% no primeiro semestre de 2016.

Também é notório o avanço das transações via dispositivos móveis, passando para 18,8% ante 10,1% no relatório correspondente ao primeiro semestre de 2015.

Mas e o segmento de material de construção?

Se considerarmos, numa livre estimativa, tendo como base dados abertos no primeiro semestre de 2015, uma participação aproximada de 1% no faturamento total do segmento Construção e Ferramentas, estamos falamos de aproximadamente R$ 196 milhões.

Em dados do segundo semestre de 2015, num estudo que realizamos com 798 consumidores que haviam realizado grandes reformas em seus lares, embora a incidência de compra neste canal fosse pequena, significativos 22% haviam pesquisado informações nos e-commerces durante o período de planejamento da obra.

Dessa amostra, apenas para ficarmos nos quatro atributos mais citados, 74% procuraram informações de preços de produtos; 46% buscaram variedade de produtos; 40% compararam os preços com preços vistos nas lojas físicas; e 32% se informaram sobre condições de pagamento.

Neste momento, estamos em campo para a terceira onda deste mesmo estudo, justamente para checar se há, de fato, uma evolução na conversão, consultas e nos anseios destes consumidores.

No entanto, independentemente disso, apenas considerando, como vimos acima, o crescimento do faturamento total num cenário de crise, do número de e-consumidores ativos e sua qualificação, não seria temerário deixar de investir neste canal?