RECONSTRUÇÃO DO PAÍS E DOS LARES

Considerando a demanda reprimida de materiais de construção dos últimos anos, há de se concluir que ocorreu uma deterioração dos lares, e que ao chegarmos ao ponto de inflexão da curva de queda das vendas, as reformas para resolverem problemas estruturais deverão ter um papel de destaque nesta retomada.

Segundo dados da Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE, o volume de vendas de material de construção estagnou em 2014, encolheu 8,4% em 2015 e fechou o primeiro semestre de 2016 comparado com o primeiro semestre de 2015 com decréscimo de 13%.

Se considerarmos apenas os percentuais referentes ao fechamento de cada ano, o volume de vendas de 2015 ficou apenas 6,4% acima do volume de vendas do encerramento de 2011, ou seja, o crescimento de 6,9%, em 2013, e parte do crescimento de 7,9%, em 2012, já foram comprometidos pelo desempenho do comércio do setor nos últimos dois anos.

E embora somente pelos dados acima seja possível afirmar que o comércio de material de construção esteja distante do ponto de inflexão, a cada novo relatório há uma aproximação do percentual de queda de 2015, ou seja, os percentuais parciais dos acumulados ano 2016, atualmente em 13%, têm convergido para os mesmos 8,4% negativos do fechamento do ano passado.

Num estudo recente, Oportunidades Estratégicas para Desenvolvimento de Novos Mercados nas Perspectivas de Consumidores que Reformaram ou Construíram, entregue em junho deste ano, cujo campo entrevistou 900 consumidores que haviam iniciado uma reforma residencial, 84,4% a haviam interrompido, por motivos que vão desde a falta de dinheiro até mesmo problemas com materiais ou lojas.

Deste universo, 29,5% apontaram que “resolver problemas estruturais, como, elétricos, hidráulicos, infiltrações, paredes caindo, rachaduras, teto cedendo etc.”, seria um dos principais motivos para retomada da obra no futuro.

Ainda, segundo essa mesma amostra, os cômodos com maiores problemas estruturais eram os quartos, para 71,8%; seguidos dos banheiros/lavabos, para 64,1%; e área de serviço, para 61,2%; apenas para ficarmos entre os três cômodos mais citados.

No entanto, essa é uma amostra que, ao menos, já havia iniciado uma reforma residencial.

O que dizer então, dos consumidores que estão aguardando a melhora do ambiente macroeconômico, ao ponto de se sentirem seguros para iniciarem suas obras?

É muito provável que com esta melhora e com o aumento da confiança dos consumidores, ou, se preferirem, do aumento da confiança e melhora do ambiente macroeconômico, as atenções se voltem, consequentemente, para o reparo daquilo que deteriorou em seus lares nos anos de retração de consumo.

Esta pode ser uma boa oportunidade, tanto para a indústria, como para o varejo, de criarem uma pedagogia que incentive a resolução de problemas estruturais, como, por exemplo, elétricos, hidráulicos, infiltrações, mofo, azulejos estourados, afundamento de piso, rachaduras na parede, entre tantos outros possíveis, que coloquem em risco o bem estar das famílias.