ADMIRÁVEL MUNDO DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO

Com os mais recentes resultados da Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE, o segmento de materiais de construção abriu o segundo semestre de 2017 consolidando o crescimento no volume de vendas em 5,6%, no comparativo acumulado ano julho de 2017 com acumulado ano julho de 2016.

De todos os dez segmentos monitorados pelo IBGE, é o único que apresentou três crescimentos consecutivos nos comparativos “mês anterior do mesmo ano”: 2,3%, no comparativo maio com abril; 1,1%, junho com maio; e 0,9%, julho com junho.

Desta maneira, há indicativos cada vez mais consistentes de que, finalmente, será interrompido o ciclo vicioso de estagnação e decréscimos dos últimos três anos: crescimento nulo, no comparativo ano de 2014 com ano de 2013; -8,4%, no comparativo ano de 2015 com ano de 2014; e -10,7%, no comparativo ano de 2016 com ano de 2015, totalizando uma queda acumulada no volume de vendas de 18,2%, o pior período desde o início da série histórica, em 2005.

No entanto, como vimos no artigo anterior, seria irônico se uma empresa do segmento sobrevivesse a este período recessivo, para, em seguida, sucumbir durante a recuperação, por não entender e se adaptar ao novo consumidor pós-crise.

Como resultado dos últimos três anos do Painel Comportamental de Consumo de Materiais de Construção,iniciado em 2014, pudemos monitorar a jornada de compra dos materiais de construção de consumidores que realizaram grandes obras residenciais no período inicial da crise, durante a piora do quadro e, em seu auge, ou se preferirem, fundo do poço.

Bem, estamos saindo deste fundo não só em relação às vendas no comércio de materiais de construção, como também, segundo dados conjunturais de diversas fontes fidedignas, em relação a diversos outros setores, que, se ainda não estão apresentando crescimento, ao menos, notadamente, pararam de piorar.

E nos resultados do painel de 2017, cujos dados ainda estão sendo analisados pelo DataMkt Construção, pois o campo de pesquisa com 900 entrevistados terminou há apenas quinze dias, já pudemos captar a melhora no ânimo dos respondentes.

Na pesquisa entregue em 2015, considerando consumidores que realizaram grandes obras residenciais no período de setembro de 2014 a agosto de 2015, 49,4% dos entrevistados alegaram que acreditavam que suas situações financeiras estariam “muito melhor/um pouco melhor” nos próximos seis meses. Em 2016, considerando consumidores que realizaram grandes obras residenciais no período de setembro de 2015 a agosto de 2016, este número subiu para 53,1%; e agora, em 2017, considerando consumidores que realizaram grandes obras residenciais no período de setembro de 2016 a agosto de 2017, este número subiu ainda mais, para 58,5%.

Soma-se a isso que os temores de que a recuperação do setor estava somente ancorada na injeção de recursos das contas inativas do FGTS no mercado, e de que no segundo semestre as vendas voltariam a cair, ao que tudo indica, eram infundados; e considerando o comportamento sazonal do mercado, que concentra pouco mais de 60% das vendas do varejo no segundo semestre, a deterioração natural dos ambientes residenciais ou obras paradas nos últimos três anos de demanda reprimida, maior permanência dos consumidores em suas residências, estimulando compras de materiais para reparos e melhorias do ambiente doméstico – a fim de tornar esta permanência mais agradável -, controle da inflação, aumento da renda, queda na taxa de juros num segmento altamente dependente da concessão de crédito para obras; tudo conspira para a continuidade deste crescimento até o final do ano, puxado principalmente pelas reformas, ampliações e melhorias dos imóveis residenciais.

Isso, obviamente, é verdadeiro para as empresas que não se contentarem em apenas sobreviver à crise, mas, ato contínuo, se tornarem ainda mais competitivas dentro de novas dinâmicas de consumo, comportamento típico de todas as sociedades que se recuperam de grandes depressões econômicas.

No próximo dia 26, em evento fechado para cogestores no Secovi, estaremos apresentando os resultados doPainel Comportamental de Consumo de Materiais de Construção 2017 para executivos de algumas destas empresas, seguido de um workshop conduzido pela equipe da Ferraz Pesquisa de Mercado, no sentido de gerar reflexões, insights e conhecimento para aplicação posterior nos próprios negócios.

Este novo mundo será certamente diferente, porém, admirável somente para aqueles que o entenderem e a ele se adaptarem.

O sistema de compartilhamento de inteligência de mercado é cogerido por Leroy Merlin, Eucatex, Pincéis Atlas, Votorantim Cimentos e Deca, empresas empenhadas em melhor entender o segmento, contribuindo para sua profissionalização e desenvolvimento.