CRESCIMENTO TIJOLO POR TIJOLO

No último dia 12 de abril, o IBGE divulgou o resultado das vendas do comércio brasileiro no primeiro bimestre de 2017, incluindo o atacado e o varejo de materiais de construção e, pela primeira vez, desde outubro de 2014, o segmento apresentou crescimento no comparativo volume de vendas (nominal deflacionado) acumulado ano com o ano anterior.

Segundo a Pesquisa Mensal do Comércio, no comparativo acumulado ano primeiro bimestre de 2017 com primeiro bimestre de 2016, o volume de vendas cresceu 1,4%, o maior crescimento nessa mesma base comparativa considerando os dez grandes segmentos pesquisados. Já o crescimento nominal (com inflação do setor) foi de 2,7%.

No comparativo volume de vendas com o mês anterior, após três crescimentos consecutivos desde novembro de 2016, quando houve um acréscimo de 8,3% nas vendas – o maior da série histórica iniciada em 2005-, foi registrado decréscimo de 1,3%, no comparativo fevereiro com janeiro de 2017.

Devemos considerar o efeito do feriado de Carnaval, mas, mesmo assim, quando comparamos fevereiro com janeiro de 2016 encontramos um decréscimo significativamente maior, de 11,1%.

Mas, dentro de que contexto ocorre esta retomada?

Nos últimos três anos, o volume de vendas do comércio de material de construção encolheu 18,2%. Ainda assumindo os percentuais divulgados pelo IBGE nos anos anteriores, é possível afirmar que fechamos o ano de 2016 apenas 2,94% acima do volume de vendas do fechamento do ano de 2010.

Segundo o próprio Instituto, o desempenho da atividade sofre influência do menor ritmo da oferta de crédito e da restrição do orçamento das famílias. Acrescentaríamos a isso, entre outras razões, o alto nível de desemprego e as incertezas em relação ao cenário político, já que, no que concerne a realização de obras residenciais, o segmento se caracteriza por longos ciclos de compra que, segundo estudos do DataMkt Construção, levou, em 2016, somente na etapa de pesquisas e planejamento, em média, 4,4 meses.

No entanto, ainda considerando dados do Painel Comportamental do Consumo de Materiais de Construção 2014/2015/2016, é evidente que nos últimos dois anos os consumidores que fizeram reformas residenciais priorizaram a realização de obras necessárias para manutenção do lar, como básicas/estruturais, que cresceram, apenas considerando o comparativo ano de 2016 com o ano de 2015, 50%.

Já, ainda comparando o ano de 2016 com 2015, as pinturas residenciais caíram 14,7%; as trocas de pisos e azulejos caíram 27,9%; as reformas da parte elétrica caíram 9,9%; as reformas da parte hidráulica caíram 9,8%; e as trocas de louças sanitárias caíram 13,4%.

Podemos concluir que o consumidor de materiais de construção desses últimos anos, fundamentalmente, fez o necessário para manter o funcionamento adequado do lar, muitas vezes, deixando o acabamento para outro momento posterior.

A julgar pelos números apresentados neste artigo, talvez neste momento esteja se iniciando um novo ciclo e o segmento voltará a crescer influenciado pelas obras básicas/estruturais – afinal a depreciação das residências é um fato concreto e inerente ao ambiente macroeconômico-, e pela finalização das obras inacabadas dos últimos anos.

O sistema de compartilhamento de inteligência de mercado é cogerido por Leroy Merlin, Eucatex, Pincéis Atlas, Votorantim Cimentos e Deca, empresas empenhadas em melhor entender o segmento, contribuindo para sua profissionalização e desenvolvimento.