HOME CENTERS, LOJAS GRANDES E O ATACAREJO

Na artigo anterior, concluímos que, embora as Lojas de Bairro pequenas, médias e multicategorias sejam as mais utilizadas durante uma grande obra residencial, nos últimos dois anos, são os Home Centers e Lojas Grandes que experimentam os maiores percentuais de crescimento.

Enquanto as Lojas de Bairro estão fortemente associadas à praticidade, ou seja, compras de produtos complementares e/ou emergenciais, para não deixar a mão de obra parada, os grandes varejistas do segmento se associam a outros atributos, que certamente elevam consideravelmente o ticket médio.

Como já vimos, segundo o Painel Comportamental do Consumo de Materiais de Construção, com entrevistas divididas em doze grandes centros urbanos, as Lojas de Bairro foram utilizadas para compra de produtos durante a obra por 79,1% dos entrevistados, em 2016, ante 73,9%, em 2014, um crescimento de 7%; enquanto os Home Centers e Lojas Grandes foram utilizados por 53% dos entrevistados, em 2014, ante 71,2%, em 2016, logo, um crescimento de 34,3%.

Mas quais são os atributos que podem estar propiciando um maior crescimento na utilização deste formato de canal?

Em 2014, num estudo realizado com mulheres que haviam passado por uma grande reforma residencial, na fase qualitativa, as entrevistadas associaram o canal com “tem de tudo”, “ambiente completo”, “espaço”, “variedade” e “família”, ou, ainda, transcrevendo o depoimento de uma consumidora da classe A, “vem à cabeça, tem; tem de tudo, olha, assim, é enorme, você olha mesa, banheira, aqui mesmo, tem de tudo.”

Do ano de 2014 para os dias de hoje, muitas coisas mudaram na sociedade e na economia, mas nada leva a crer que os atributos citados acima tenham se alterado, muito pelo contrário, talvez tenham se tornado ainda mais importantes e sido acrescidos de outros atributos.

Em relação à economia, mais especificamente ao emprego, em 2014, segundo dados da PNAD Contínua do IBGE, fechamos o ano com apenas 6,5% de pessoas desocupadas, o que correspondia a 6,452 milhões de desempregados. Nesse momento, dados mais recentes, de novembro de 2016, apontam para 11,9% de pessoas desocupadas, o que corresponde a 12,132 milhões de desempregados.

Por outro lado, em 2014, fechamos o ano com 92,875 milhões de pessoas ocupadas, com uma renda média de R$2.085,00. Nesse momento, dados mais recentes, de novembro de 2016, apontam para 90,210 milhões de pessoas ocupadas, com uma renda média de R$2.035,00, ou seja, 2,4% menor.

Num cenário de aumento do desemprego e queda da renda média da população ocupada, associado à baixa confiança dos consumidores e perspectivas de recuperação econômica ainda tímidas, é esperado que a percepção positiva em relação aos grandes varejistas se some às crescentes expectativas de melhores preços e, principalmente, condições elásticas de pagamento, que, como vimos nos artigos anteriores, foi o atributo que mais cresceu no interesse dos consumidores que haviam reformado, em relação às lojas de materiais de construção, considerando os três últimos painéis comportamentais.

Sob este aspecto, o momento pode ser  propício para bandeiras que possuam melhores condições de oferecer parcelamento e financiamento das compras, e, a exemplo do setor supermercadista, com as devidas adaptações, para criação e desenvolvimento de formatos que associem “tem de tudo”, “ambiente completo”, “espaço”, “variedade” e “família”, a preços significativamente mais baixos, como, por exemplo, num conceito semelhante ao atacarejo.

O sistema de compartilhamento de inteligência de mercado é cogerido por Leroy Merlin, Eucatex, Pincéis Atlas e Votorantim Cimentos, empresas empenhadas em melhor entender o segmento, contribuindo para sua profissionalização e desenvolvimento.