LAR E A NOVA ECONOMIA DE ESCASSEZ

Dando sequência aos artigos realizando recortes sobre o impacto das novas tecnologias e internet na fase de pesquisas e posterior compras de materiais de construção para as obras residenciais, avaliaremos, dentro de aspectos estruturais e segundo os resultados do Painel Comportamental do Consumo de Materiais de Construção, o nível de consulta aos sites das empresas e e-commerce de materiais de construção no período anterior a essas obras.

É consensual que entre todos os grandes segmentos do varejo brasileiro, materiais de construção seja um dos maiores – senão o maior -, em que as vendas por meio do comércio eletrônico ainda não se tornaram minimamente relevantes para o sell out do setor.

Segundo o relatório Webshoppers da consultoria Ebit, em 2016, o segmento Ferramentas e Construção correspondia a menos de 1% do faturamento total do meio para vendas de bens de consumo, estimado em R$44,4 bilhões, e ainda sim, muito mais devido às vendas de ferramentas do que propriamente construção.

No entanto, a pergunta correta, sabemos hoje, não é mais se as vendas de materiais de construção se tornarão relevantes no e-commerce, mas sim, quando.

Talvez este marco histórico ocorra em 2018.

Fala-se muito hoje em dia em economia de compartilhamento, mas, talvez, a nomenclatura mais correta seja economia de escassez, moldada e impulsionada que foi pela crise financeira de 2008, que graças às intervenções estatais em suas economias nos principais países do mundo, não se tornou mais devastadora do que a crise de 1929, a pior da história global.

A questão é que paulatinamente, na grande maioria desses países, com a lenta retomada da liquidez financeira, esses mesmos governos devolveram a economia para as livres e invisíveis mãos do mercado, diferentemente do Brasil, onde sob desastrosa liderança da presidente Dilma Rouseff, a partir de 2010, aprofundou-se um modelo desenvolvimentista, com a onipresença intervencionista do estado sob o nome de Nova Matriz Econômica.

As consequências desta política começaram a ser minimizadas após o processo de impeachemant da gestora de Lula, sacramentado a pouco mais de um ano, e a escolha de uma nova equipe econômica.

Apenas como referência, segundo dados estatísticos do IBGE, em 1930 e 1931, o Brasil acumulou uma queda estimada de 5,3% no PIB, significativamente menor do que a queda acumulada em 2015 e 2016, de 7,2%.

Em suma, como conseqüência da política econômica adotada a partir de 2010, estamos agora, com aproximadamente seis anos de atraso em relação à maior parte do mundo, começando a sair da crise de 2008, a pior da história nacional.

Não foi marolinha. Foi tsunami mesmo.

Porém, se no resto do mundo livre o fim de uma era de ostentação, irresponsabilidade financeira e gastos de recursos inexistentes impulsionou um novo modelo econômico pós-crise, mais consciente e calcado fundamentalmente na internet, não há nenhuma razão para acreditarmos que com a nossa tardia recuperação econômica cada vez mais evidente não ocorra o mesmo por aqui.

Abstrações subjetivas a parte, vamos à objetividade dos números.

Em 2015, considerando uma amostra de 798 consumidores que finalizaram suas obras de setembro de 2014 a agosto de 2015, 33,3% alegaram terem consultado os sites dos fabricantes durante a fase de planejamento para se informarem e compararem produtos para a obra, e 19,6%, e-commerces de materiais de construção.

Em 2016, considerando uma amostra de 767 consumidores que finalizaram suas obras de setembro de 2015 a agosto de 2016, 38,9% alegaram terem consultado os sites dos fabricantes durante a fase de planejamento para se informarem e compararem produtos para a obra, e 22,8%, e-commerces de materiais de construção.

Somado a esta ascendência da internet, e retomando certa subjetividade, é provável que após esta gastança generalizada de recursos inexistentes, seja no âmbito privado, seja no âmbito público; ostentações no melhor estilo nova classe média/novos ricos, maquiagens de dados, contabilidades criativas, pedaladas fiscais, mensalões, petrolões, e tantas outras mentiras e falcatruas suprapartidárias, a sociedade brasileira tenha amadurecido e esteja pronta para voltar para si mesma, seus autênticos valores, laços afetivos gratificantes, familiares e amigos.

E que melhor lugar para isso do que a intimidade de um lar reformado e lindo?

Com a retomada do crescimento econômico, que a economia de escassez de recursos financeiros se transforme em compartilhamento de valores verdadeiros.

O sistema de compartilhamento de inteligência de mercado é cogerido por Leroy Merlin, Eucatex, Pincéis Atlas, Votorantim Cimentos e Deca, empresas empenhadas em melhor entender o segmento, contribuindo para sua profissionalização e desenvolvimento.