LEVAR VANTAGEM COM PRODUTOS COMPLEMENTARES

Segundo dados do Ministério do Trabalho anteriores à fatídica noite de 17 de maio quando, até então, uma mínima previsibilidade e recuperação econômica se desenhavam de maneira clara, no mês de abril foram criados 59.856 postos de trabalho com carteira assinada, totalizando um saldo negativo de apenas 933 celetistas no acumulado ano 2017.

Apenas para se ter uma ideia do quanto essa notícia foi positiva, no mês de abril de 2016 houve uma queda de 55.822 postos de trabalho com carteira assinada, totalizando, naquele momento, um saldo negativo de 358.951 celetistas no acumulado ano 2016.

Apenas na Construção Civil, no mês de abril houve uma queda de 1.760 postos de trabalho com carteira assinada, totalizando um saldo negativo de 22.538 celetistas no acumulado ano 2017.

Também para se ter uma ideia da dimensão destes números, no mês de abril de 2016 houve uma queda de 14.602 postos de trabalho com carteira assinada, totalizando, naquele momento, um saldo negativo significativamente maior, de 55.429 celetistas no acumulado ano 2016.

Independentemente da atual volatilidade do mercado e dúvidas em relação à continuidade da recuperação da economia, e dando sequência aos artigos anteriores, perguntamos aos consumidores quando reformando, o que poderia ajudá-los no momento das compras dos materiais de construção?

Ainda resgatando dados do Estudo Oportunidades Estratégicas para Desenvolvimento de Novos Mercados, que entrevistou em maio/junho do ano passado 900 consumidores que haviam realizado uma grande reforma residencial nos doze meses anteriores, 84,3% alegaram que a obra não havia sido finalizada e que seria retomada quando, principalmente, as condições econômicas se tornassem mais favoráveis.

Embasados numa fase qualitativa que realizou 12 etnográficos na casa de consumidores que haviam realizado estas obras, levantamos os principais atributos, fora preço, que poderiam colaborar no momento da compra dos materiais e os elencamos no questionário da fase quantitativa do estudo.

Considerando apenas a amostra dos entrevistados que alegaram que as obras estavam paralisadas, mas seriam retomadas no futuro, “oferta de produtos complementares”, exemplificado como, compra revestimento cerâmico ganha argamassa, porta de madeira ganha verniz, fios ganha interruptores, misturadores ganha um acessório, tinta ganha pincel, luminária ganha lâmpadas etc., apareceu em primeiro lugar, com 61,7% da preferência.

Em segundo lugar apareceu “parcelamento maior”, com 55,2%; seguido por “oferta de mão de obra, como pedreiros, pintores, eletricistas, encanadores etc., incluída no parcelamento da compra dos materiais”, com 48,9%, “brindes, sorteios e cupons de desconto”, com 44,8% e, apenas para ficarmos nos cinco atributos mais citados, “cartão fidelidade para oferta de vantagens”, com 38,7%.

Mesmo em relação à eventual inviabilidade financeira dos exemplos da oferta gratuita de produtos complementares, talvez, independentemente disso, deva-se considerar a importância da informação em si sob duas perspectivas: uma setorial e outra cultural.

O mercado tem sido assolado por grandes indústrias adquirindo empresas menores ou em situação financeira delicada, visando justamente reforçar o conceito de complementaridade de produtos e simultaneamente ganhar força nas negociações junto ao comércio. Se não é possível chegar ao mundo ideal desejado pelos consumidores, talvez seja possível oferecer complementaridade de uma mesma marca com preços e condições mais vantajosas também para os consumidores.

Ou, talvez, o varejo possa oferecer estas condições considerando políticas de vendas de produtos complementares multimarcas.

Já a questão cultural, pode-se inferir que a Lei de Gerson, tão enraizada na cultura brasileira, manifeste-se em todas as esferas comportamentais, incluindo compras de materiais de construção: “eu compro materiais de construção em sua loja, mas você, em troca, me dá uma vantagem, certo?”.

Obviamente não estamos falando de dinheiro para caixa 2 ou propina, mas apenas de uma maneira de pensar que, compreendida e bem gerida, pode se tornar num importante diferencial para aumento das vendas, desde que de maneira transparente nas negociações e sinergicamente acordada entre fornecedores e varejistas, visando ganhos legítimos para todos, principalmente para os consumidores finais.

O sistema de compartilhamento de inteligência de mercado é cogerido por Leroy Merlin, Eucatex, Pincéis Atlas, Votorantim Cimentos e Deca, empresas empenhadas em melhor entender o segmento, contribuindo para sua profissionalização e desenvolvimento.