MATERIAIS PARA MOMENTOS ESPECIAIS

Com o fechamento da mais recente Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE, confirmou-se o crescimento do segmento de materiais de construção no acumulado ano de 2017 comparado com o acumulado ano de 2016, indicando uma tendência de reversão das quedas nas vendas dos últimos dois anos, quando o volume de vendas do setor fechou em -8,4%, em 2015, e -10,7%, em 2016, o pior desempenho da série histórica iniciada em 2005.

Neste momento, considerando o acumulado ano maio de 2017 comparado com o acumulado ano maio de 2016, as vendas dos materiais crescem 4,2%, o melhor resultado percentual deste período de cinco meses, quando comparado com o mesmo período do ano anterior, dos últimos três anos: em 2014 crescia 3,4%; em 2015 encolhia 5,7%; e em 2016 encolhia 13,6%.

Porém, deve-se olhar com cautela para esse resultado, que além de ocorrer sobre uma base baixa – o volume de vendas do segmento caiu 18,2% nos últimos três anos –, está sujeito ao intempestivo quadro político que interfere na consistência da recuperação econômica como um todo, e os possíveis fatores pontuais que estão contribuindo para o atual desempenho: inadiáveis retomadas de obras inacabadas nos últimos três anos, deterioração estrutural devido à demanda reprimida (pequenos reparos necessários para manutenção da residência) e a liberação de saques das contas inativas do FGTS, com data limite prevista para 31 de julho.

Conta a favor do segmento, o fato das pessoas estarem viajando menos e se alimentando mais em casa, passando mais tempo em suas proximidades geográficas e residências, transformado-as em centros de lazer e convivência com familiares e amigos, onde aí funciona aquela boa máxima: “Quem fica em casa, repara”.

Mostrada a fragilidade do cenário, corroborada pela discreta recuperação nos níveis de emprego e na queda do índice de confiança dos consumidores, entender outras nuances que interferem no comportamento de consumo dos materiais pode ser uma boa maneira de contribuir para a continuidade do crescimento nas vendas.

Como falamos no artigo anterior, em uma das novas pesquisas realizadas, buscamos aprofundar o impacto do nascimento de uma criança como motivador para obras residenciais, identificando, assim, o perfil desta obra.

No Painel Comportamental do Consumo de Materiais de Construção 2016, 34,5% dos entrevistados que fizeram uma grande obra residencial alegaram que tiveram nascimento de um (a) filho (a) na família.

Desta feita, perguntamos diretamente para 904 entrevistados que também realizaram uma grande obra residencial, se o nascimento de um (a) filho (a) foi uma das motivações para esta obra e o percentual continuou sendo expressivo: 23,2% disseram que sim, considerando reforma, ampliação e/ou construção.

E aí vem uma sensível diferença nos perfis das obras.

Comparando o total da amostra de entrevistados que tiveram como uma das motivações o nascimento de um (a) filho (a) com o total da amostra de entrevistados que não tiveram essa motivação, percebemos as diferenças no tamanho da obra.

Os primeiros construíram mais do que os segundos, 37,1% contra 16,9%; pintaram mais a residência, 87,5% contra 82,6%; trocaram mais pisos e azulejos, 73,8% contra 66,5%; fizeram mais obras básico/estruturais, 66,5% contra 63,1%; fizeram mais parte elétrica, 64,7% contra 59,9%, mais parte hidráulica, 49,5% contra 46,9% e trocaram  mais louças sanitárias, 45,1% contra 43,4%.

Também dados sobre intervenções por número de cômodos, utilização de canais de compras e contratação de executores reafirmam essa diferença: obras de maior envergadura no primeiro perfil, quando comparado com o segundo.

A questão é que este é um momento em que as pessoas estão mais dispostas a adquirir novos hábitos de consumo e investir mais. Conhecer estes consumidores e acolhê-los, com produtos específicos e atendimento diferenciado, pode ser uma boa maneira de participar positivamente deste momento inesquecível na vida dessas pessoas.

Mas, talvez, não seja somente nesse momento.

Se considerarmos ainda o lar como porto seguro do desalentador cenário sociopolítico-econômico, crescimento dos índices de violência e amadurecimento dos consumidores, que passaram de anos de ostentação, muitas vezes gastando recursos inexistentes, para um período de restrição de consumo e valorização de suas bases e pessoas próximas, conhecê-los em tantos outros momentos de vida, para humanizar as relações de consumo num segmento até então, em sua maioria, “bruto”, pode ser também uma boa maneira de continuar participando positivamente da vida das famílias.

E isso independe do nascimento de filhos.

O sistema de compartilhamento de inteligência de mercado é cogerido por Leroy Merlin, Eucatex, Pincéis Atlas, Votorantim Cimentos e Deca, empresas empenhadas em melhor entender o segmento, contribuindo para sua profissionalização e desenvolvimento.