NADA A COMEMORAR, MUITO A TRABALHAR

Na semana pós-comemoração do Dia do Trabalho, e com uma necessária e bem-vinda reforma trabalhista em curso, ainda estamos sob o impacto dos números mais recentes da PNAD Contínua do IBGE, que estimou no trimestre móvel janeiro a março uma taxa de desocupação de 13,7%, a maior da série histórica iniciada no primeiro trimestre de 2012.

Uma taxa desta magnitude, que corresponde a 14.176 milhões de pessoas desocupadas, relativiza dados setoriais menos negativos, que por ventura poderiam indicar a tão esperada e desejada recuperação econômica.

No segmento, por exemplo, segundo dados do Painel Comportamental do Consumo de Materiais de Construção, em 2014, 93,9% das famílias que realizaram uma obra residencial contrataram algum tipo de mão de obra para a reforma. Em 2016, esse número caiu para 80,3%.

Também, como vimos num artigo anterior, “Mais Generalistas, Menos Especialistas”, houve um decréscimo na contratação de executores especializados e aumento na contratação de executores generalistas.

Mas, sendo esta uma situação setorial, o que dados conjunturais podem dizer a respeito do trabalho na atividade Construção Civil?

Ainda segundo o IBGE, no primeiro trimestre de 2016 foram perdidos 380.000 postos de trabalho na atividade, sendo que o ano fechou com 857.000 trabalhadores a menos no segmento, que engloba construção de edifícios, obras de infraestrutura e serviços para construção. Nesse atual relatório, sobre o primeiro trimestre de 2017, foram perdidos 242.000 postos de trabalho na atividade, considerando sempre, nessa pesquisa, empregos formais e informais.

Segundo o Cadastro Geral de Emprego e Desemprego do Ministério do Trabalho,o CAGED, no primeiro trimestre de 2016 o estoque de empregos com carteiras assinadas em todos os segmentos ficou negativo em 303.129 celetistas. Nesse atual relatório, sobre o primeiro trimestre de 2017, o estoque de empregos com carteiras assinadas ficou negativo em 64.378 celetistas.

Somente na atividade Construção Civil, no primeiro trimestre de 2016 o estoque de empregos com carteiras assinadas ficou negativo em 40.827 celetistas. Nesse atual relatório, sobre o primeiro trimestre de 2017, o estoque de empregos com carteiras assinadas ficou negativo em 21.149 celetistas na atividade.

Em suma, por estes dados podemos afirmar que o mercado de trabalho na atividade Construção está piorando menos, ou, se preferirem, parou de piorar.

De qualquer maneira, mesmo dados setoriais justamente festejados, como, segundo o IBGE, o crescimento de 1,4% no volume de vendas do comércio de materiais de construção, no primeiro bimestre de 2017 comparado com o primeiro bimestre de 2016, devem ser vistos com cautela.

Ao que tudo indica essa é uma situação frágil, ainda sujeita as oscilações e inconsistências do ambiente macroeconômico, ou seja, a diferença, nesta lenta e gradual transição, será feita ponto a ponto, por cada marca e por cada operação, pela capacidade de ler o momento e ser eficiente na implementação de planos de ação.

Não há espaço para comemoração, apenas para mais trabalho.

O sistema de compartilhamento de inteligência de mercado é cogerido por Leroy Merlin, Eucatex, Pincéis Atlas, Votorantim Cimentos e Deca, empresas empenhadas em melhor entender o segmento, contribuindo para sua profissionalização e desenvolvimento.