O FIM DO CONSUMIDOR PONTUAL DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO

Nesse momento, a produção industrial, segundo o IBGE, está crescendo 1,6%, no comparativo acumulado ano setembro de 2017 com acumulado ano setembro de 2016, indicando para o melhor desempenho percentual das indústrias brasileiras desde 2010, quando cresceram turbinados 10,5%, no comparativo com o ano de 2009.

Já o faturamento deflacionado das indústrias de materiais de construção, segundo a Abramat, está decrescendo 4,6%, no comparativo acumulado ano outubro de 2017 com acumulado ano outubro de 2016, indicando para o melhor desempenho percentual das indústrias de materiais de construção desde 2013, quando cresceram 3%, no comparativo com o ano de 2012.

No entanto, esta recuperação do segmento tem sido puxada, em 2017, pelo consumo no comércio, iniciando, em parte, um resgate da perda acumulada de 18,2%, no volume de vendas dos últimos três anos, segundo o IBGE, com crescimento de 7,5%, no comparativo acumulado ano setembro de 2017 com acumulado ano setembro de 2016.

Tudo indica que o comércio de material de construção terá o melhor desempenho percentual desde 2012, ou mesmo, 2011, quando cresceu 7,9% e 9,1%, respectivamente, nos comparativos com os anos anteriores.

Mas, sem considerarmos aspectos conjunturais macroeconômicos mais favoráveis, além da demanda reprimida e consequente deterioração dos ambientes residenciais nos últimos três anos, o que tem motivado os consumidores a retomarem ou iniciarem as obras residenciais?

Segundo dados do Painel Comportamental do Consumo de Materiais de Construção, de 2014 a 2016, a principal motivação para a realização de uma grande obra residencial foi para deixar a casa mais bonita e mais nova: 70,4% dos entrevistados em 2014; 62% dos entrevistados em 2015; 57,2% dos entrevistados em 2016.

Porém, no mais recente painel, ocorreu uma sutil mudança que pode trazer um importante indicativo comportamental pós-crise: deixar a casa mais bonita e mais nova foi superada, pela primeira vez, por oferecer mais conforto para a família, como principal motivação para realização da obra.

Enquanto a primeira motivação caiu pelo quarto ano consecutivo, por fim, apontada por 51,4% dos entrevistados, em 2017; conforto tem crescido nos últimos três anos, e foi apontada, também em 2017, por 57,8% dos entrevistados.

Deixar a casa mais bonita e mais nova é o resultado esperado, de fato, de uma grande obra residencial, mas, no entanto, conforto, além também de ser um dos resultados esperados, pode propiciar um processo contínuo de melhorias dentro do conceito de valorização do lar, como centro de convivência com familiares e amigos.

Transitamos de uma motivação que remete ao efêmero, como deixar o lar mais novo, para outra, que remete à convivência e constância.

Compreender melhor essa mudança pode ser um excelente insight para os players do segmento estimularem não só a realização de grandes obras, como naturalmente já acontece, mas, para incutir, definitivamente, como temos destacado, o hábito nos consumidores de continuamente tornarem o lar melhor, mais confortável, funcional e, porque não, bonito, com reformas de menores proporções, reparos diversos e melhorias do ambiente doméstico, aumentando, com isso, a recorrência de compra dos materiais, tanto para quem fez grandes obras residenciais, como para quem não as fez.

Os momentos pós-crise alteram os comportamentos sociais e a maneira de consumir, determinando as principais tendências para os anos seguintes de crescimento econômico até uma próxima crise, e, assim, sucessivamente.

Aproveitando essa janela de oportunidade que começa a se apresentar, e recuperada a demanda reprimida de materiais de construção, que tipo de consumidor queremos ter para os próximos anos?

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