O QUE ACONTECE NAS LOJAS DE BAIRRO DO SUDESTE?

Daremos sequência aos artigos relativos à percepção de mercado e do próprio negócio pelos lojistas de bairro, ou, se preferirem, das lojas de proximidade de materiais de construção, segundo a pesquisa Percepção do Negócio Segundo os Lojistas de Bairro, que entrevistou 240 revendedores divididos nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste.

Para efeito desse artigo, faremos uma comparação entre dez afirmações, analisando o grau de concordância, e, assim, hierarquizando as percepções e realidade dos revendedores da região Sudeste, divididos em São Paulo e Rio de Janeiro.

A amostra de 80 entrevistas foi composta por 43,8% de vendedores/balconistas, 22,5% de gerentes de lojas, 17,5% de proprietários, 11,3% de assistentes de vendas e, por fim, 5% de compradores.

Por ordem de concordância, as afirmações com maiores top 2 box (concordo totalmente/concordo), foram: “os pedreiros possuem contas e vão pegando os produtos de acordo com suas necessidades”, com 73,8%; “eu compraria em um home center que tivesse condições diferenciadas de atendimento, preços e condições de pagamento para minha loja”, com 70%; “os clientes fazem uma grande compra no início da obra e depois vão fazendo compras picadinhas”, com 67,5%; “os clientes aceitam pagar a mais em um produto do que o preço em outras lojas, desde que eu faça a pronta entrega”, com 63,8%, e, apenas para ficarmos nas cinco afirmações com maior grau de concordância, “o número de mulheres comprando os materiais tem crescido ano após ano”, com 61,3%.

Outras afirmações, como, “os clientes estão chegando mais bem informados sobre os preços dos produtos”, “o forte de minha loja é a venda de materiais básicos e não de materiais de acabamento”, “eu tenho notado um aumento de interesse dos clientes em técnicas de faça você mesmo”, “os clientes estão usando mais smartphone na hora da compra para acessar a internet, comparar preços e negociar”, obtiveram menores graus de concordância, e, disparadamente, com menor grau, “a situação atual da minha loja está melhor agora do que há um ano”, com apenas 31,3%.

Em relação a essa última afirmação, devemos considerar que o campo da pesquisa ocorreu em setembro de 2017, e, principalmente, devido às oscilações nas vendas, pois não há linearidade do crescimento nos comparativos com o mês anterior, ainda levará certo tempo para que a melhora da economia e das vendas no setor impacte consistentemente as Lojas de Bairro.

De qualquer maneira, voltando para as cinco afirmações com maior grau de concordância, podemos inferir que os pedreiros possuem uma relação estreita e de confiança com os lojistas de bairro da região Sudeste, que há predisposição de compra em home centers, desde que haja uma política diferenciada de atendimento, de que, de fato, os consumidores fazem compras contínuas, de acordo com o andamento e imprevistos da obra, a pronta entrega é um diferencial que pode aumentar a margem de venda dos produtos, e, de que, as mulheres ganham também importância junto as lojas de bairro.

Com base nesses indicativos, há uma série de insights que poderiam ser considerados, que vão desde políticas de relacionamento das indústrias com pedreiros, focadas nessa relação específica, até ambientação das lojas, para melhor acolher o público feminino, porém, sem afastar outros públicos, como, os próprios pedreiros.

O certo é que independentemente do formato, de um home center a uma loja de bairro, com a recuperação das vendas no comércio, um olhar atencioso, respeitando as peculiaridades e necessidades de cada um desses formatos, pode ainda mais fortalecer e acelerar essa tão bem vinda retomada das vendas dos materiais, que, como bem sabemos, começou pelo comércio.

Não esqueçamos, que abrimos o ano, segundo o IBGE, com crescimento real de 7,3% nas vendas, no comparativo janeiro de 2018 com janeiro de 2017, a melhor abertura desde o ano de 2013.

Ou seja, uma abertura de ano digna do período pré-crise.

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