QUARTO É LUGAR DE REFORMA, NÃO DE CHORO

A despeito das últimas notícias do ambiente político, que autodestrutivamente insiste em atravancar a recuperação econômica do país, daremos continuidade a abordagem do artigo anterior, quando apoiados pelo crescimento de 4,2% no volume de vendas do comércio de materiais de construção no primeiro trimestre de 2017, resgatamos um estudo entregue há um ano, em que 84,3% da amostra de 900 entrevistados alegaram que suas obras não haviam sido finalizadas, principalmente devido a espera de condições econômicas mais favoráveis para isso.

A premissa básica deste resgate é o entendimento do perfil desta retomada, que para efeito de aprofundamento dos dados, foi dividida em “interrompi a obra e há ainda alguns detalhes e complementos a serem feitos” e “interrompi a obra e há muitas coisas a serem feitas”.

Vale a menção, como introdução a este perfil, de diversos estudos da psicologia cognitiva que comprovam que as pessoas possuem uma melhor memória e prestam mais atenção aos trabalhos incompletos do que aos trabalhos concluídos, pois uma vez terminada uma tarefa param de pensar nela.

Ou seja, tarefas e, nesse caso, obras interrompidas e incompletas permanecem ativas na mente, tornando estes consumidores altamente receptivos a abordagens dos varejistas e indústrias do setor.

A maior parte dos entrevistados que não haviam concluído a obra, 61%, consideraram que havia detalhes e complementos a serem feitos, por outro lado, 39%, a interromperam considerando que havia muitas coisas ainda a serem feitas.

Da amostra que considerou que havia detalhes e complementos a serem feitos, 57,3% alegaram que a intenção para os próximos doze meses seria realizar obras nos quartos; seguidos pelas salas (de jantar e/ou de estar e/ou de TV, outros tipos de salas), com 50,7%; e pelos banheiros/lavabo (s), com 47,7%, apenas para ficarmos nos três mais citados.

Da amostra que considerou que havia muitas coisas ainda a serem feitas, 71,1% alegaram que a intenção para os próximos doze meses seria realizar obras nos quartos; seguidos pelas salas (de jantar e/ou de estar e/ou de TV, outros tipos de salas), com 61,9%; e pelos banheiros/lavabo (s), com 60,3%.

Já se considerarmos ambas as amostras, 62,7% alegaram que a intenção para os próximos doze meses seria realizar obras nos quartos; seguidos pelas salas (de jantar e/ou de estar e/ou de TV, outros tipos de salas), com 55,1%; e pelos banheiros/lavabo (s), com 52,6%.

No entanto, vale ressaltar que independentemente da importância destes ambientes para a indústria da reforma residencial, se considerarmos como característica dos brasileiros a realização de obras em capítulos, ainda mais numa conjuntura econômica desfavorável, identificá-los, rastreá-los e estabelecer conexões desde o primeiro contato no início desta obra, pode se traduzir em importantes ações futuras para prender sua atenção e converter vendas.

Esperamos que os quartos sejam de fato reformados e não sirvam apenas de abrigo para os consumidores chorarem em suas camas, por mais uma oportunidade de crescimento econômico perdida.

No próximo artigo vamos analisar o que, excluindo questões financeiras, poderia ser oferecido pelos varejistas e fornecedores para estimulá-los a retomar as obras.

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