QUEM COMPRA NAS LOJAS DE BAIRRO?

Segundo o Painel Comportamental de Consumo de Materiais de Construção, em 2016, as Lojas de Bairro pequenas ou médias e multicategorias, foram utilizadas por 79,1% dos consumidores que realizaram uma reforma residencial em grandes centros urbanos.

Isso significou um crescimento de 7% em relação ao estudo realizado em 2014, quando foram utilizadas por 73,9% da amostra. Apenas para efeito comparativo, os Home Centers e Lojas Grandes foram utilizados, em 2016, por 71,2% desses mesmos consumidores, um crescimento de 34,3% em relação ao estudo realizado em 2014, quando foram utilizados por 53% da amostra.

Mas, por ora, vamos nos concentrar nas Lojas de Bairro, como se inserem na atual conjuntura econômica, e qual o perfil predominante de quem as utiliza.

Se considerarmos os dados da Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE, o volume de vendas dos serviços prestados às famílias encolheu 4,6% no comparativo janeiro a novembro de 2016 com janeiro a novembro de 2015. Se compararmos essa queda com a queda de 5,1% no comparativo janeiro a novembro de 2015 com janeiro a novembro de 2014, podemos afirmar que nos últimos dois anos houve uma queda de 9,5%.

Seguindo o mesmo raciocínio, e quebrando a prestação dos serviços prestados às famílias, podemos afirmar que nos últimos dois anos ocorreram quedas de 10,1%, no subsegmento Serviços de Alojamento e Alimentação; 5%, no agregado especial Atividades Turísticas, e 6%, no subsegmento Outros Serviços Prestados às Famílias.

O fato é que esses consumidores estão viajando menos, se alimentando menos fora de casa e ainda cortando outros serviços, que vão desde atividades artísticas e esportivas, passando por serviços diversos para manutenção do lar e rotina doméstica até atividades ligadas a área de educação, ou seja, estão passando mais tempo dentro de seus lares e entorno geográfico.

Isso por si só é uma grande oportunidade para o varejo de proximidade, em nosso caso, as Lojas de Bairro, que embora obtenham o maior percentual de utilização durante a obra (sem considerar o valor dos gastos), experimentam um crescimento significativamente menor como canal utilizado do que os Home Centers e Lojas Grandes.

Mas, qual o perfil do comprador da Loja de Bairro durante uma obra residencial?

Do total da amostra, como vimos, 79,1% alegaram terem utilizado a Loja de Bairro para fazer algum tipo de compra durante a obra, sendo 68,9% da classe A; 76,7% da classe B e 81% da classe C. Em relação às regiões do Brasil, a maior preferência de compra neste canal foi no Nordeste, com 89,9% e a menor, no Sul, com 76,5%.

Considerando que não houve diferenças relevantes em relação ao sexo e faixa etária, podemos concluir que as Lojas de Bairro possuem menor ascendência sobre consumidores de maior poder aquisitivo e significativa penetração na região NE.

A maior permanência dos consumidores em seus lares e entorno geográfico certamente pode impulsionar o desenvolvimento das lojas de proximidade, ou vizinhança, em vários segmentos. Em materiais de construção, segundo estudos qualitativos, é possível afirmar que este formato é identificado como “local para adquirir rapidamente um produto para a obra, pois caso contrário o prestador de serviço ficará parado”, ou seja, associado apenas a praticidade, o que, nesse caso, pode se traduzir num baixo ticket médio.

No próximo artigo compararemos esses dados com os dados relativos aos grandes varejistas do setor, que, embora não estejam em primeiro lugar em utilização durante uma grande reforma residencial, experimentam um maior percentual de crescimento nos últimos dois anos e se associam a uma série de outros atributos, que podem se traduzir num maior ticket médio.

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