RECICLEM OS MANUAIS

Desde 2015, nas pesquisas realizadas pelo DataMkt Construção, já ficava claro a influência do YouTube no processo decisório dos materiais de construção que seriam comprados para as obras residenciais, e, em especial, para o setor do Faça Você Mesmo, ao qual, o brasileiro, mas, de maneira mais abrangente, o latino americano, se mostram tão pouco atraídos.

No entanto, com a persistência cada vez mais bem estruturada dos principais players e contínuos lançamentos de produtos no setor, aliados à crise e escassez de recursos financeiros das famílias, considerando, também, a inconsistência e gradualidade da recuperação econômica, a prática da bricolagem, ao que tudo indica, vem se tornando cada vez mais relevante como negócio.

Também contribui para isso novos modelos econômicos, principalmente para o público mais jovem, a tão propalada economia de compartilhamento ou colaborativa, que torna atividades coletivas, ligadas ao cuidado do lar junto com amigos e familiares, um ótimo programa para convivência e estreitamento dos laços.

No embalo dessa “nova economia”, nas apresentações e debates dos dados das diversas pesquisas já realizadas, novos insights têm surgido, na colaboração com empresas cogestoras, que vale a pena compartilharmos, nesse artigo, com o mercado.

Segundo o Painel Comportamental do Consumo de Materiais de Construção 2017, que entrevistou 900 consumidores de materiais de construção que realizam obras/reformas residenciais no período de setembro de 2016 a agosto de 2017, 69,1% dos entrevistados pesquisaram técnicas do Faça Você Mesmo, sendo que dessa amostra, 77,2% o fizeram acessando o YouTube.

Para se ter uma ideia da relevância do meio, a segunda fonte mais consultada foi amigos e parentes, com 31,5%, e, a terceira, blogs especializados em reforma e construção, com 27,7%.


Os dez principais temas acessados são ligados a pintura residencial, preparação de superfícies, aplicação de efeitos e texturas, papeis de parede, impermeabilização, uso de pincéis e rolos, reparo de trincas e rachaduras nas paredes, montagem de móveis, assentamento de pisos e revestimentos cerâmicos e troca de tomadas e interruptores, todos com mais de 25%, considerando a amostra que acessou técnicas do Faça Você Mesmo nessa mídia social.

Bom, o fato é que, em maior ou menor grau, materiais de construção, acabamento e móveis prescindem, na maioria das vezes, de explicações de uso, instalação e montagem nas embalagens – normalmente difíceis, mal ilustradas e em letras minúsculas – ou,  junto ao produto – normalmente mal traduzidas ou redigidas e com ilustrações opacas e insuficientes.

Nas apresentações e debates com as empresas, muito tem se falado em estimular os consumidores – quando comprados esses produtos -, no ponto de venda, nas embalagens ou embarcados junto aos materiais ou móveis, a acessarem determinados canais do YouTube, patrocinados por essas empresas individualmente, em parceria com outras empresas ou varejistas, onde de maneira lúdica e bem humorada, uma personagem ou influenciador digital, poderia ensiná-los a usar, montar, pintar e/ou instalar esses mesmos produtos.

E, ainda, após essa prazerosa experiência, sugerir produtos complementares: “já que montamos essa cadeira, que tal se montássemos essa mesa?”, “agora que terminamos a preparação da parede, você já imaginou como ficaria o quarto de seu filho com essa textura?”, “já que trocamos a tomada e interruptor, que tal colocarmos uma nova luminária?” , “bom, agora que impermeabilizamos a parede, poderíamos pintá-la com…”, “agora que vimos os principais cuidados que devemos ter para valorizar seu novo porcelanato, você sabia que a nova linha de metais sanitários”…

Enfim, a rede digital é o limite… Ou sua falta…

O sistema de inteligência de mercado DataMkt Construção é cogerido por Leroy Merlin, Eucatex, Pincéis Atlas, Votorantim Cimentos e Deca, empresas empenhadas em melhor entender o segmento, contribuindo também, para sua profissionalização e desenvolvimento.