TRISTE RIO DE JANEIRO

Nos próximos cinco artigos abordaremos dados da pesquisa Lojas de bairro: o que esperam dos fornecedores e da economia, trazendo, desta feita, leituras sobre os resultados de 240 entrevistas com revendedores de materiais de construção com lojas entre 1 a 4 checkouts, divididos em seis capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Recife e Salvador.

Segundo estimativas elaboradas pelo DataMkt Construção, trabalhando dados secundários publicados por fontes fidedignas, a saber, Varese Retail, Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, GS&MD-Gouvêa de Souza, Ibope Inteligência e IBGE, o varejo de materiais de construção faturou em 2016 aproximadamente R$107,9 bilhões, divididos por cerca de 130.000 lojas, com predominância das lojas pequenas multicategorias ou especializadas, que participariam com aproximadamente 63,5% deste total, ou R$68,5 bilhões.

Este é um número referência com viés de queda, já que há um gradual processo de concentração no segmento, pois nos últimos dois anos lojas pequenas e com menor capacidade de sobreviver ao forte quadro recessivo encerraram suas atividades, enquanto os principais home centers, num ritmo lento, expandiram suas operações.

De qualquer maneira, devido as peculiaridades do consumo de materiais de construção, não há evidências de que esta concentração atingirá os mesmos patamares de outros segmentos, como o varejo Alimentar e Eletroeletrônicos e Móveis, por exemplo.

Diante deste quadro, então, como vêem os lojistas de bairro das capitais citadas acima, a situação financeira de seus negócios?

Considerando o total da amostra Brasil, 49,2% dos respondentes se autodeclararam vendedores/balconistas; 16,7%, proprietários; 15%, gerentes de loja; 12,9%, compradores; 2,9%, supervisores/coordenadores de vendas; 2,5%, gerentes/diretores de vendas e 0,8%, assistentes de vendas.

Estabelecendo uma ordem decrescente, tendo como parâmetro a leitura das avaliações mais positivas, 33,4% dos lojistas de bairro de Curitiba consideraram a situação financeira de suas lojas como “muito boa/boa”, enquanto 20% consideraram como “ruim/muito ruim”.

Em seguida vêm os lojistas de bairro de São Paulo, pois 28,3% consideraram a situação financeira de suas lojas como “muito boa/boa”, enquanto 31,7% consideraram como “ruim/muito ruim”. Nota-se aí, a partir de São Paulo, avaliações positivas sendo suplantadas por avaliações negativas.

Novamente o Sul, desta vez os lojistas de bairro de Porto Alegre, em que 23,4% avaliaram a situação financeira de suas lojas como “muito boa/boa”, enquanto 26,6% avaliaram como “ruim/muito ruim”.

Empatados, agora no Nordeste, 23,3% dos lojistas de bairro de Recife consideraram a situação financeira de suas lojas como “muito boa/boa”, enquanto 33,3% consideraram como “ruim/muito ruim”, seguidos pelos lojistas de bairro de Salvador, em que 20% consideraram a situação financeira de suas lojas como “muito boa/boa”, enquanto 30% consideraram como “ruim/muito ruim”.

E, por fim, aparecem os revendedores do Rio de Janeiro. Para apenas 13,4% dos lojistas de bairro a situação financeira de suas lojas foi avaliada como “muito boa/boa”, enquanto 41,6%, o maior percentual neste parâmetro, consideraram a situação como “ruim/muito ruim”.

Talvez caiba aos principais fornecedores compreenderem a atual situação destes lojistas e, quem sabe, até de outros formatos de canais de vendas de materiais de construção cariocas, e estabelecerem políticas de atendimento e comercial diferenciadas, que possibilitem uma transição e superação menos sofrida neste atual momento difícil.

Ou alguém duvida que um dia o Rio de Janeiro deixará esta triste situação para trás para continuar sendo lindo?

O sistema de compartilhamento de inteligência de mercado é cogerido por Leroy Merlin, Eucatex, Pincéis Atlas, Votorantim Cimentos e Deca, empresas empenhadas em melhor entender o segmento, contribuindo para sua profissionalização e desenvolvimento.