UMA LOJA PARA CADA MOMENTO

Segundo a mais recente Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE, o ano de 2016 foi o pior da nova série histórica, iniciada em 2005, quando foi introduzido o acompanhamento do desempenho do segmento Material de Construção, considerando as vendas do atacado e do varejo.

Sob este aspecto, entender como o consumidor está comprando os materiais para suas obras residenciais torna-se fundamental para a manutenção e, quem sabe até mesmo dentro deste quadro recessivo, expansão dos negócios.

O fato é que esta crise, a maior da história do país, considerando estimativas do crescimento ou queda percentual do PIB em relação ao ano anterior, desde 1901, deixará marcas profundas, alterando os hábitos e atitudes de consumo. Com materiais de construção, obviamente, não será diferente.

Ainda segundo o IBGE, no comparativo volume de vendas de materiais de construção, janeiro a novembro de 2016 com janeiro a novembro de 2015, houve uma queda de 11,4%, sobre outra queda, no comparativo janeiro a novembro de 2015 com janeiro a novembro de 2014, de 8%.

Ou seja, somente nos últimos dois anos, considerando apenas a soma dos percentuais dos comparativos janeiro a novembro, daria 19,4%. No entanto, matematicamente é correto afirmar que a queda está em 18,5%.

Mas, vamos ao que de fato interessa, aquilo que podemos, até certo ponto, modificar em nossos negócios. De que maneira essas profundas marcas alterarão o padrão de consumo de materiais de construção?

Como vimos nos artigos anteriores, de modo extremamente resumido, o novo consumidor de materiais de construção está planejando a obra durante mais tempo, demonstrando uma maior preocupação com prazo de pagamento e uma menor preocupação com a ambientação da loja, além de estar pesquisando mais nos sites dos fabricantes e nos e-commerces de materiais de construção.

Mas, e quando, finalmente, chega o momento da compra?

Segundo o Painel Comportamental de Consumo de Materiais de Construção 2014/2015/2016, os consumidores de materiais de construção que fizeram grandes reformas residenciais combinaram 4,8 formatos de canais diferentes para compra dos materiais durante a realização da obra.

Ressaltando que não monitoramos os valores, quais e quantos materiais foram comprados, mas apenas, a utilização dos formatos de canais durante toda a obra, do total dos 767 entrevistados em doze estados, 79,1% alegaram terem feito compras nas Lojas de Bairro (pequenas, médias e multicategorias); 71,2%, em Home Centers/Lojas Grandes; 54%, em Lojas de Tintas; 33,1%, em Lojas de Materiais Elétricos; 31,2%, em Depósitos de Materiais Básicos; 30,2%, em e-commerces; 29,9%, em Lojas de Revestimentos Cerâmicos; 25,9%, em Lojas de Materiais Hidráulicos; e 31,6%, em outros tipos de canais.

Não conhecemos outro segmento que possua uma combinação tão diversa de formatos de canais para a compra de produtos que atendam desejos e necessidades dos consumidores para um mesmo fim, nesse caso, uma obra residencial.

As hipóteses para esta peculiaridade são diversas, mas é fato que esses consumidores exercem seu direito de escolha do melhor formato de loja de acordo com o momento da obra, considerando aspectos transacionais, técnicos, estéticos ou apenas conveniência e praticidade.

Pensar numa expansão de uma rede de lojas contemplando essa diversidade, ou na elaboração de produtos para determinado tipo de canal, adaptando-se a cada momento do consumidor, pode ser uma alternativa interessante para 2017.

No entanto, é fato de que nesse instante há espaço para todos os formatos se desenvolverem, desde que aprendam a atender, dentro de suas possibilidades, os desejos e necessidades momentâneos destes consumidores e, claro, simultaneamente, profissionalizarem a gestão dos negócios.

O sistema de compartilhamento de inteligência de mercado é cogerido por Leroy Merlin, Eucatex, Pincéis Atlas e Votorantim Cimentos, empresas empenhadas em melhor entender o segmento, contribuindo para sua profissionalização e desenvolvimento.