AS MULHERES PINTORAS

CORAL – Uma recente pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV-IBRE) mostra que desde 2012 a taxa de desemprego da população feminina é superior ao percentual dos homens: o índice era de 16,45% em 2021, o equivalente a mais de 7,5 milhões de mulheres. No total, o percentual médio anual de desemprego na economia foi de 13,20% em 2021. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o percentual de domicílios brasileiros comandados por mulheres saltou de 25%, em 1995, para 45% em 2018, devido, principalmente, ao crescimento da participação feminina no mercado de trabalho. Já o Sebrae calcula que cerca de 24 milhões de brasileiras empreenderam no país em 2021. Não ao acaso, o tema é um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ONU), ODS 5, igualdade de gênero, que trata sobre esse tema por meio do empoderamento feminino, uma vez que a capacitação de mulheres e meninas tem um efeito multiplicador e ajuda a gerar crescimento social e econômico em geral.

Joangela Souza Sobrinho, 37 anos, fazia bicos como diarista. Thainara Diana Diogo da Silva, 27 anos, era manicure. Com a pandemia, viram rapidamente as oportunidades de trabalho diminuírem drasticamente. Moradoras do Jardim Colombo, no Complexo Paraisópolis, na Zona Sul de São Paulo, elas encontraram no Coral Mulheres da Cor, projeto idealizado pela AkzoNobel que reúne diversas empresas com o objetivo comum de transformar histórias femininas por meio da profissionalização, a possibilidade de se reinventarem. E há pouco mais de dois meses já colhem os frutos dessa capacitação, trabalhando na construção civil como pintoras, em empresas ou como autônomas.

Joangela e Thainara fazem parte de um grupo de 14 mulheres que iniciaram o curso de capacitação em pintura em junho de 2022. Formadas no último mês de outubro, as participantes começam a se colocar no mercado de trabalho e a ajudar a mudar a cara de um segmento no qual ainda estão sub representadas. De acordo com pesquisa realizada em dezembro de 2021 pela Abrapp, Associação Brasileira de Pintores Profissionais, as mulheres representam apenas 10,5% dos membros da entidade.

“Com jornadas exaustivas dentro e fora de casa, acumulando atividades domésticas, cuidando dos filhos e trabalhando em subempregos, muitas mulheres encontram obstáculos para entrarem e se manterem no mercado de trabalho. Foi dessa necessidade de inclusão e empoderamento feminino que surgiu esse programa com foco não somente em capacitação, mas também em criar oportunidades e aumentar a autoestima dessas mulheres em situação de vulnerabilidade”, comenta Daniel Geiger Campos, presidente da AkzoNobel para a América Latina.