ETERNIT – A empresa registrou um crescimento de 6% da Receita Líquida frente a 2021, atingindo R$ 1,2 bilhão. No 4T22, o mesmo indicador financeiro acumulou R$ 313 milhões, um crescimento de 8% em relação ao mesmo período de 2021.
O Lucro Líquido anual da Companhia totalizou R$ 138 milhões, inferior em 49% quando comparado com o período de 2021, porém considerado satisfatório pela diretoria financeira da Eternit – um retorno de 20% em relação ao Patrimônio Líquido declarado, que alcançou R$ 676 milhões. No 4T22, o Lucro Líquido totalizou R$ 14 milhões, queda de 74% em relação ao 4T21. Já o EBITDA Recorrente totalizou R$ 23 milhões no 4T22, uma retração de 70% frente ao 4T21. Em relação ao acumulado do ano, o EBITDA Recorrente alcançou R$ 186 milhões, queda de 45% frente ao ano de 2021.
O resultado foi construído em um cenário de retração de vendas da indústria de material de construção, cujo desempenho acumulado no ano recuou 7%, segundo indicador da ABRAMAT, após registrar em 2021 um desempenho recorde. “Navegamos muito bem pelo ano de 2021, atingindo o melhor resultado da última década do Grupo Eternit. Esse patamar seria difícil de ser mantido em condições razoáveis. O que vimos ao longo do ano foi uma conjuntura econômica de juros altos, de mercado retraído e margens apertadas, além da instabilidade natural que o cenário político polarizado apresentou em 2022. Seguiremos nossas estratégias calculadas e pensadas no sucesso de médio e longo prazo da Eternit, e que serão executadas dentro do planejado”, explica Luís Augusto Barbosa, CEO da Eternit.
Caixa. Em 31/12/22, a posição de caixa líquida foi positiva em R$ 28 milhões. A administração ressalta que, em julho/22, a Companhia concluiu a aquisição da Confibra, desembolsando R$ 110 milhões na operação. O endividamento bruto da Eternit no encerramento do ano totalizou cerca de R$ 85 milhões, constituído por: (i) desconto de recebíveis de exportação – ACE (R$ 20 milhões); (ii) empréstimo FINAME contratado junto ao Banco Daycoval (R$ 31 milhões); e (iii) empréstimo contratado junto ao Banco da Amazônia para funding da implantação da unidade da Eternit da Amazônia (R$ 34 milhões), que atualmente passa por expansão. A fábrica é responsável pela produção de fibra polipropileno, insumo necessário para a fabricação das telhas de fibrocimento.
Investimentos. Os investimentos da Companhia totalizaram R$ 18 milhões no 4T22. Ainda a respeito da Eternit Amazônia, a ampliação da capacidade desta unidade representará um adicional de cerca de 40% da capacidade atual de produção da fibra de polipropileno. O volume será destinado ao abastecimento da Confibra e do projeto greenfield da unidade de telhas de fibrocimento do Ceará. A conclusão da ampliação da fábrica de Manaus segue o cronograma normal de obras e está prevista para o final de 2023.
O projeto greenfield em Caucaia-CE encontra-se em implantação, tendo no 4T22 sido concluída a etapa de terraplenagem, iniciada as obras de infraestrutura (civil, elétrica e hidráulica) e compromissado 35% do orçamento de máquinas e equipamentos. A nova unidade industrial terá capacidade inicial de 6,5 mil toneladas/mês e a conclusão da construção da fábrica está prevista para o segundo semestre de 2023.
Dando continuidade ao programa de modernização do parque industrial de fibrocimento, a Companhia concluiu a ampliação da unidade do Rio de Janeiro no 4T22. Com a ampliação da unidade de Goiânia, anunciada no segundo semestre de 2021, e a aquisição da Confibra, a Eternit alcançou a capacidade instalada de 90 mil toneladas/mês no segmento.
Fibrocimento. No 4T22, as vendas de telhas totalizaram 174 mil toneladas, crescimento de 5% frente ao 4T21 e superior em 3% quando comparado com o trimestre anterior. Em 2022, o volume vendido de telhas de fibrocimento somou aproximadamente 647 mil toneladas, já contempladas as vendas da Confibra de agosto a dezembro, registrando um recuo de 9% quando comparado com 2021, ano de desempenho recorde na indústria de materiais de construção.
No 4T22, o segmento de sistemas construtivos, que abrange placas e painéis cimentícios, registrou um volume de vendas de 3,7 mil toneladas, queda de 23% frente ao 4T21, trimestre de desempenho recorde do segmento. Entretanto, o volume vendido no acumulado do ano, totalizou 17 mil toneladas, superior em 8% em relação ao mesmo período de 2021.
Diante da elevação dos custos de matérias-primas e insumos produtivos, no acumulado do ano, a margem bruta do segmento atingiu 25%, representando uma queda de 14 p.p. em relação ao mesmo período do ano anterior.
Exportações. No segmento crisotila, as exportações totalizaram cerca de 49 mil toneladas, representando um crescimento de 32% frente ao 4T21. No acumulado do ano, o volume exportado totalizou 194 mil toneladas, um aumento de 23% em relação a 2021.
Em 2022, a Margem Bruta das exportações da fibra do crisotila atingiu 48%, recuo de 14 p.p. em relação ao ano de 2021. A queda se deve, principalmente, à apreciação do real frente ao dólar e ao aumento dos custos logísticos de todos os modais, consequência da pressão inflacionária do preço dos combustíveis.
Dividendos. No segundo semestre de 2022, a Eternit seguiu com sua política de distribuição de dividendos/JCP aos acionistas, sinalizando que o status de empresa em Recuperação Judicial está cada vez mais perto do fim. Ao longo do ano passado, foram declarados juros sobre capital próprio (JCP) no montante de R$ 38 milhões, representando a remuneração bruta de R$ 0,61/por ação. No 4T22, foram declarados R$ 10,6 milhões pelo Conselho de Administração da Eternit.
Recuperação. A Companhia aguarda o desfecho definitivo da discussão mantida perante o STJ. Encontra-se pendente de julgamento, no momento, o agravo interno interposto pelo Grupo Eternit, pleiteando-se que sejam restabelecidas as condições de pagamento dos credores trabalhistas (Classe I), previstas no Plano de Recuperação Judicial aprovado em assembleia geral de credores e homologado em 30 de maio de 2019 pelo Juízo da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judicial da Comarca da Capital de São Paulo.