OS EFEITOS DOS ALTOS CUSTOS DO GÁS NA INDÚSTRIA CERÂMICA

ROCA – Recentemente, a Roca Brasil Cerámica, empresa pertencente ao Grupo mexicano Lamosa e uma das líderes de mercado à frente das marcas de revestimentos Roca Cerámica e Incepa, entregou nas mãos do vice-presidente Geraldo Alckmin uma demanda bastante relevante que, de maneira geral, afeta o setor industrial brasileiro, inclusive o cerâmico: o preço do gás natural.

A solicitação foi realizada por meio de um documento, levado em mãos, durante um evento sobre Reforma Tributária e os planos do governo para a indústria brasileira que aconteceu em Curitiba, na sede da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP). Além da presença de outras autoridades, também esteve presente o governador do Estado do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior. À frente da pasta do ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Alckmin ouviu o apelo e manifestou ter consciência sobre o assunto que afeta diversos outros setores da economia e quanto à necessidade de uma revisão na política de preços do gás natural.

Localizada no Paraná e com parques fabris nas cidades de Campo Largo e São Mateus do Sul, a empresa iniciou a pauta no âmbito estadual, quando levou ao governo as dificuldades de atuar no Estado com a maior tarifa de gás praticada em todo Brasil. Entretanto, o cenário segue dentro de panorama complexo e com previsões negativas não apenas com relação ao impacto no ritmo de produção da Roca Brasil Cerámica, quanto à toda cadeia cerâmica. No material realizado pela empresa, um estudo detalhado apresenta o comparativo sobre o custo do gás natural no Brasil e os valores praticados no México, Estados Unidos e países do continente europeu.

Nos últimos anos, as altas do gás natural impactaram o mercado global, especialmente com o ataque russo à Ucrânia. Entretanto, em 2023, o cenário internacional presencia um rápido movimento rumo à normalidade. “Infelizmente, esse declínio não foi sentido nos preços cobrados no Brasil, que majoritariamente é atendido pela Petrobras”, afirma Sergio Wuaden, Managing Director da Roca Brasil Cerámica. Na curva de redução europeia, verificou-se uma queda na ordem de 70%, enquanto no país os valores seguem em patamares elevados e com uma lenta tendência de baixa.

Outro comparativo reforça o contexto adverso enfrentado pelas indústrias: o preço no Brasil chega a ser 5 vezes superior ao aplicado nos Estados Unidos e México e, na comparação com a América do Sul, a indústria nacional paga um montante até 3 vezes maior.

Dentro do mercado cerâmico, a indústria vivencia os impactos das tarifas do gás natural, que chega a representar entre 20 e 30% no custo total de produção. Reconhecido como o 3º maior produtor de cerâmica global, o 2º maior mercado consumidor e na 7ª posição no ranking de exportações, empresas como a Roca Brasil Cerámica sofrem com o impacto da concorrência internacional. “No mercado brasileiro, vivemos um momento de retração nas exportações, com quedas significativas em 2022 e nesse primeiro semestre de 2023. Já estamos percebendo uma forte pressão de produtos importados que poderão substituir produção nacional”, explica Wuaden.

A preocupação do Managing Director da Roca Brasil Cerámica espelha os temores do segmento de cerâmica como um todo. O acesso da indústria ao gás natural a preços competitivos dará à cerâmica produzida no Brasil, que é reconhecida pela alta tecnologia, qualidade e inovação empregadas para a fabricação dos nossos produtos, além de condições de competitividade no mercado internacional”, conclui.