CONSUMIDOR SEM MARGEM DE ERRO

Nos artigos anteriores aprofundamos alguns dados relativos às motivações das famílias para realização de uma grande reforma residencial e vimos uma migração, desde 2014, das questões meramente estéticas para questões mais racionais, relacionadas a conforto, funcionalidade e segurança.

Daí, inferimos que, embora “deixar a casa mais bonita/mais nova” continue sendo a principal motivação, este movimento denota um consumidor de materiais de construção mais pragmático, o que provavelmente se reflete diretamente no processo de compra dos produtos, sendo paulatinamente minimizados, assim, aspectos emocionais como principais drivers decisórios para compra.

É a partir deste ponto que avançaremos: reconhecidas as motivações, problemas e tomada a decisão de realizar a obra, como ocorre a busca de informações, por quanto tempo, em quais meios e nestes meios, quais as principais expectativas?

Porém, para traçarmos um perfil do novo consumidor de materiais de construção é necessário inseri-lo dentro de uma análise dos dados conjunturais do mercado de trabalho, divulgados pela PNAD Contínua do IBGE.

Em relação ao mesmo trimestre móvel do ano anterior, o número total de pessoas desocupadas em jul/ago/set de 2015 passou de 8,979 milhões para os atuais 12,022 milhões, um aumento de 3,043 milhões de desempregados. Nesse mesmo período comparativo, a renda média das pessoas ocupadas caiu 2,13%.

Se considerarmos apenas o ano de 2016, no trimestre móvel out/nov/dez de 2015, havia 9,073 milhões de pessoas desocupadas, logo, considerando os atuais 12,022 milhões, houve um aumento de 2,949 milhões de desempregados, somente neste ano. Nesse mesmo período comparativo, a renda média das pessoas ocupadas caiu 0,34%.

Obviamente, dentro deste contexto é de se esperar uma radical mudança de postura no comportamento de consumo, incluindo materiais de construção e suas peculiaridades, já que a escassez financeira associada ao medo de perder o emprego obriga este consumidor a negociar melhor preço e condições de pagamento, e também minimizar as chances de erro da compra dos materiais.

Em nosso segmento, mesmo que o varejo se predisponha a realizar trocas de produtos de maneira simplificada e rápida, fatalmente o consequente atraso da obra acarretaria proibitivos custos adicionais, como por exemplo, com as mãos de obra contratadas.

Daí notamos esse maior cuidado no tempo de planejamento, já que se compararmos apenas o ano de 2015 com 2016, o período de pesquisa para busca de informações, após a decisão de realização de uma grande reforma residencial aumentou, passando de uma média de 3,4 para 4,4 meses.

Em 2015, 63,5% dos entrevistados alegaram que este período durou menos de três meses; já na pesquisa atual, em 2016, este número caiu para 49,3%. Por outro lado, de três a seis meses passou de 19,8%, para 26,5%; e de seis meses a um ano passou de 12%, para 14,2%.

No próximo artigo examinaremos quais os principais meios utilizados atualmente e quais apresentam tendência de ganho de relevância na série histórica.

O Painel Comportamental do Consumo de Materiais de Construção 2014/2015/2016 poderá ser adquirido para entrega e discussões in company.

O sistema de compartilhamento de inteligência de mercado é cogerido por Leroy Merlin, Eucatex, Pincéis Atlas e Votorantim Cimentos, empresas empenhadas em melhor entender o segmento, contribuindo para sua profissionalização e desenvolvimento.