MAIS GENERALISTAS, MENOS ESPECIALISTAS

Segundo dados do CAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho –, no primeiro bimestre de 2015, o estoque de empregos com carteira assinada no segmento da construção civil ficou negativo em 31.559 postos de trabalho. No primeiro bimestre de 2016, o estoque de empregos com carteira assinada ficou menos negativo, em 16.740 postos de trabalho. Por fim, o relatório mais recente apontou para um estoque negativo ainda menor, no primeiro bimestre de 2017, de 12.731 postos de trabalho.

Em suma, os empregos formais no segmento da construção civil progressivamente indicam, ainda que timidamente, para um quadro mais próximo a estabilização do nível de emprego.

Segundo dados da PNAD – Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio –, o número de pessoas ocupadas com ou sem carteira assinada na construção de edifícios, obras de infraestrutura e serviços para construção caiu em 42.000 trabalhadores em janeiro de 2015. Em janeiro de 2016, caiu em 102.000 trabalhadores, e no relatório mais recente, sobre janeiro de 2017, indicou estabilidade, totalizando 7.078 milhões de pessoas ocupadas.

Em suma, a pesquisa do IBGE indica para um quadro de acomodação no número de trabalhadores na atividade construção.

De qualquer maneira, embora esses dados conjunturais indiquem uma tendência de melhora em relação aos dois anos anteriores, certamente, durante esses anos, o perfil de contratação para obras residenciais também foi impactado, como veremos a seguir.

Segundo o Painel Comportamental do Consumo de Materiais de Construção, em 2014, 93,9% das famílias que realizaram uma grande reforma residencial contrataram algum tipo de mão de obra para realização desta reforma. Em 2015, esse número caiu para 82,2%, e, em 2016, caiu ainda mais, para 80,3%.

Dos entrevistados que contrataram mão de obra para realização da reforma residencial – ao invés de a realizarem com apoio de familiares, amigos ou mão de obra não remunerada -, em relação a 2015, somente os pedreiros apresentaram crescimento no nível de contratação, passando de 66,4%, para 71%.

Em 2015, 54,8% dos entrevistados alegaram terem contratado pintores, contra 40,7%, em 2016; em 2015, 34,6% alegaram terem contratado eletricistas, contra 22,8%, em 2016; em 2015, 19,1% alegaram terem contratado azulejistas, contra 11,8%, em 2016; e apenas para ficarmos nos cinco principais, em 2015, 15,2% alegaram terem contratado encanadores/bombeiros hidráulicos, contra 11,6%, em 2016.

Somente por estes dados, podemos concluir o aumento da autoconstrução, provavelmente também acompanhado da realização de reformas residenciais de menores proporções (basta olhar a queda real de 18,2% nas vendas do comércio de materiais nos últimos três anos) e a ascendência, entre consumidores que contrataram executores, dos profissionais generalistas, como os pedreiros, que, tudo indica, também desenvolveram atividades antes destinadas aos especialistas, em queda.

Vale a reflexão ainda, que nesse último caso, os especialistas com leve tendência de alta foram os gesseiros, já que, em 2015, 13,8% dos entrevistados que contrataram mão de obra alegaram os terem contratado, contra 15,3%, em 2016, demonstrando, por extensão, também uma tendência de alta para sistemas construtivos práticos, rápidos e financeiramente mais acessíveis, como o Drywall.

Considerando serem, neste momento, os pedreiros os profissionais mais demandados e com tendência de crescimento no número de contratações, no próximo artigo vamos, então, avaliar o grau de influência destes executores, para escolha dos canais de compra dos materiais de construção e marcas dos produtos.

O sistema de compartilhamento de inteligência de mercado é cogerido por Leroy Merlin, Eucatex, Pincéis Atlas e Votorantim Cimentos, empresas empenhadas em melhor entender o segmento, contribuindo para sua profissionalização e desenvolvimento.