Na semana passada nos reunimos para o Café com Dados, evento fechado que ocorre sempre no mês de setembro com executivos e executivas das empresas cogestoras e de pesquisas que nos apoiam – Ferraz Pesquisa de Mercado e Best Forecast Marketing e Modelagem –, visando elaborar o documento “Tendências para o comércio de materiais de construção”.

Embora os dados gerados durante o trabalho estejam em fase de análise, é possível perceber a premência do tema educação, permeando as discussões e anseios, tanto das indústrias fornecedoras, como do próprio varejo.

Afinal, num mercado em que o dispêndio financeiro dos consumidores com os executores, como pedreiros, pintores, eletricistas etc., chega a aproximadamente 42% dos gastos totais com a obra –  em estimativa realizada a partir de pesquisas DataMkt Construção – discutir e encontrar caminhos para otimização desses gastos é uma excelente alternativa no atual cenário econômico restritivo.

De maneira metódica, porém superficial, vamos seguir, nesse artigo, um rápido raciocínio, a partir dos highlights que nortearam esses trabalhos.

Infelizmente, no Brasil, trabalhar em reforma e construção residencial é só para quem não conseguiu fazer outra coisa que preste na vida. Essa visão, em nossa concepção, está equivocada e deveria ser, a todo custo, alterada, pois está na raiz dos outros problemas relativos à qualificação dos executores.

Por mais utópico que possa parecer, qualquer sistema de treinamento oferecido pelas indústrias em parceria com o varejo (não imaginamos outro tipo de treinamento mais efetivo), deve, antes de tudo, resgatar o ser humano, sua dignidade, e, consequentemente, o orgulho de tornar a vida das pessoas melhor (inclusive a própria), oferecendo às famílias, através de seus esforços qualificados, um lar mais bonito e funcional.

O resto, inclusive os ganhos aferidos, seria mera consequência.

São recorrentes os casos das famílias aterrorizadas com a postura desrespeitosa e indolente da mão de obra, se referindo ao período da reforma ou construção como um verdadeiro inferno, só justificável pelos fins, pela realização de um sonho daqui um mês… Um mês e meio… Dois meses… Três… Enfim, de acordo com o elástico e imprevisível cronograma do pedreiro.

E, se queremos incutir na mente dos consumidores a importância de manter suas residências sempre em ordem, bonitas e agradáveis para convivência familiar; se queremos aproveitar o momento da obra para conhecer esses consumidores e estabelecer sólidos relacionamentos, para transformá-los em recorrentes, como fazê-lo se, na lembrança da grande maioria desses consumidores tornar o lar melhor é um verdadeiro inferno?

Todos os esforços dos varejistas em ambientação, showroom, atendimento personalizado, conhecimento técnico, entrega pontual; todos os esforços dos grandes fabricantes em qualidade, tecnologia e coleções, se diluirão nas experiências negativas deixadas pelos executores.

Num segmento tão impactado pelos serviços, olhar para frente e imaginar um crescimento sustentável das vendas de materiais de construção é, acima de tudo – inclusive das crises econômicas – olhar atenciosamente para as diversas possibilidades de educar a mão de obra, não só tecnicamente, mas, simultaneamente, humanisticamente.

O sistema de inteligência de mercado DataMkt Construção é cogerido por Leroy Merlin, Eucatex, Pincéis Atlas, Votorantim Cimentos e Deca, empresas empenhadas em melhor entender o segmento, contribuindo também, para sua profissionalização e desenvolvimento.