OS RETICENTES DO FAÇA VOCÊ MESMO

No artigo da semana passada, identificamos três perfis de consumidores, relativos ao “Faça Você Mesmo”, utilizando como base dados do Painel Comportamental do Consumo de Materiais de Construção 2018, que entrevistou 900 consumidores que haviam realizado obras residenciais entre setembro de 2018 a agosto de 2019.

Resumindo, investigamos, então, de que maneira esses entrevistados agiam, quando precisavam realizar a manutenção, reparo, pequenas reformas ou melhorias em seus lares: 13,5% disseram “fazer tudo sozinhos (as), mesmo porque já fizeram uma série de reparos e melhorias e sabem que essa é a forma mais fácil e barata de melhorar seus lares”; 25,9%, “nem se preocupavam em fazer, chamando imediatamente um profissional para resolver o (s) problema (s), mantendo a sua rotina”; e, por fim, 60,6% disseram que “tentam fazer a maioria das coisas sozinhos (as), mas, se for algo mais complicado/pesado pedem ajuda de outras pessoas/profissionais”.

Para esse, e o próximo artigo, para aprofundá-los, adotaremos as seguintes nomenclaturas: Desbravadores, Reticentes e Alheios, respectivamente.

Vamos, então, aprofundar o perfil dos “Reticentes do Faça Você Mesmo”, para, quem sabe, adotarmos ações mais efetivas para transformá-los em Desbravadores.

Os homens levam vantagem, com 65,2%, enquanto as mulheres aparecem com 57,3%. Já, em relação às classes sociais, não há uma predominância socioeconômica contundente, porém, há um discreto destaque nos Reticentes na classe B, com 60,5%, e classe C, com 60,8%, enquanto esse perfil aparece na classe A, com 57,3%.


No entanto, seria correto assumirmos a premissa de que, quanto mais alta a classe social, menor a importância da economia de recursos financeiros e maior a importância do prazer em desenvolver a atividade em si.

Em relação às regiões do país, o Sul se destaca, com 67,4%; seguido pelo Centro-Oeste, com 61,7%, Sudeste, com 59,6%, e, com menor destaque, o Nordeste, com 53,5%.

Talvez, nesse caso, a ascendência europeia no Sul, a importância na região dos aspectos técnicos dos produtos, sistemas construtivos mais bem elaborados e maior valorização do lar, como ponto de convivência, contribuam para um percentual maior de consumidores dispostos a fazer, por si próprios, a manutenção, reparo, pequenas reformas ou melhorias de suas residências.

Em relação às faixas etárias, divididas entre mais jovens, intermediários e mais experientes, houve discreto destaque na faixa intermediária, entre 30 e 49 anos, com 63,1%, seguidos por 20 a 29 anos, com 60,4%, e, por fim, significativamente abaixo, 50 anos +, com 46,4%.

De qualquer maneira, o desenvolvimento do mercado do “Faça Você Mesmo” passa por estimular com produtos, promoções de vendas, campanhas publicitárias e informações esse perfil, ainda reticente, associando os diversos tipos de reparos, manutenções e melhorias domésticas ao prazer em fazê-los e satisfação pessoal em finalizá-los, muito mais do que em relação à economia de recursos financeiros.

Embora saibamos que, num país emergente, essa questão seja premente, é muito mais provável aculturarmos os Reticentes para torná-los Desbravadores, associando os produtos, a experiência de compra e a busca de informações a uma atividade prazerosa, no sentido de manter o lar seguro, acolhedor e bonito para a convivência com familiares e amigos.

Mera questão de percepção.

No próximo artigo descobriremos quais as melhorias e reparos os Reticentes realizaram sozinhos.

O sistema de inteligência de mercado DataMkt Construção é cogerido por Leroy Merlin, Eucatex, Pincéis Atlas, Votorantim Cimentos e Deca, empresas empenhadas em melhor entender o segmento, contribuindo também, para sua profissionalização e desenvolvimento.