PAINEL DO CONSUMO DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO

No dia 26 de setembro, estivemos reunidos no Secovi, em São Paulo, com executivos e executivas das empresas cogestoras para o Workshop Painel Comportamental do Consumo de Materiais de Construção, quando apresentamos a quarta onda do monitoramento da jornada de compra de materiais de construção, do momento da decisão da realização da obra até sua efetivação, avançando, neste ano, para intenções futuras de realizações de novos reparos e melhorias do lar.

É interessante notarmos que mesmo uma base de entrevistados, 900 respondentes no total, que haviam realizado uma grande obra residencial no espaço de um ano, as intenções de continuar melhorando o lar são mais prevalentes do que a sensação de já se ter concluído a obra e não haver mais nada a fazer.

E se aproximadamente 70% do faturamento do varejo de materiais de construção é oriundo de obras de diversas dimensões – residenciais ou não -, outros 30%, oriundos do mercado de pequenos reparos, manutenção e melhorias diversas, significam uma oportunidade para gerar recorrência de compra na loja ou adesão ao conceito de coleções das indústrias de materiais de acabamento ou mesmo de bem-estar na moradia, para as indústrias que não podem se valer de argumentos estéticos, normalmente ligadas às empresas de materiais básicos.

No entanto, isso somente será possível com políticas de monitoramento para coleta de dados, identificação, acompanhamento da vida destes consumidores e elaborações precisas de mecanismos de estímulos de compra pelas principais empresas do setor.

Segundo os resultados mais recentes do painel, 84,8% dos entrevistados que finalizaram obras residenciais alegaram ter intenções de continuar melhorando o lar, e somente 15,2% consideraram a obra totalmente acabada.

Ora, deve-se, porém, considerar que em estudos anteriores realizados, como Dimensionamento dos gastos dos consumidores, quando reformam, constroem ou realizam reparos domésticos, em 2015, ouOportunidades estratégicas para desenvolvimento de novos mercados, em 2016, cujas obras ainda estavam em andamento, 83,3%, no primeiro estudo, e 81,6%, no segundo, nos disseram que a obra não estava sendo feita ou seria feita de uma só vez, mas sim, em etapas.

Este é um conhecido comportamento do brasileiro, que, em sua maioria, não faz obras de uma só vez, mas, aos poucos, de acordo com seus recursos financeiros.

O que, por outro lado, não invalida os dados e insights mais recentes do painel, que certamente estão contaminados por este comportamento – entrevistados que finalizaram a totalidade da obra ou que finalizaram uma etapa da obra -, mas sim os reforça: a importância de encarar o consumidor de materiais de construção como recorrente, e não apenas como alguém que deve ser atendido durante uma grande obra, que depois desaparecerá e, talvez, volte a existir daqui dois, três, cinco anos, quem sabe?

Esse é o momento para o mercado e os diversos players, independentemente do porte e áreas de atuação, implantarem uma cultura verdadeira de coleta e análises de dados, geração de informações e conhecimento especializado aplicável aos negócios, principalmente se considerarmos a demanda reprimida dos últimos três anos do comércio de materiais de construção, cuja queda acumulada real foi de 18,2%, segundo o IBGE, e a combinação atual de diversos fatores conjunturais positivos, como queda no índice de pessoas desocupadas, da inflação, da Taxa Selic, aumento de celetistas, do PIB, da renda, da produção industrial, das vendas do varejo ampliado e tantos outros que confirmam, mês a mês, que estamos em plena recuperação econômica.

O próprio comércio de material de construção, segundo relatório mais recente do IBGE, cresceu por três meses consecutivos em relação ao mês anterior, e em relação ao mesmo mês do ano anterior, e deverá confirmar até o final do ano seu crescimento real, neste momento, em 5,6%.

Então, devemos sim, nos preparar para receber estes consumidores com seus lares deteriorados, obras inacabadas e o desejo de manterem suas residências sempre bem cuidadas, mas, também, ao fazê-lo, entendê-los ao máximo para que esse momento não seja fortuito e sim um novo hábito em suas vidas.

O Workhshop Painel Comportamental do Consumo de Materiais de Construção, realizado em parceria com a Ferraz Pesquisa de Mercado, visa justamente estimular este tipo de reflexão, colaborando, também, para que inteligência de mercado se torne um hábito cada vez mais arraigado nas empresas do setor.

O sistema de compartilhamento de inteligência de mercado é cogerido por Leroy Merlin, Eucatex, Pincéis Atlas, Votorantim Cimentos e Deca, empresas empenhadas em melhor entender o segmento, contribuindo para sua profissionalização e desenvolvimento.