PEDREIRO FAZ TUDO E, AINDA, PINTA?

Recentemente, fechamos a quinta onda do Painel Comportamental do Consumo de Materiais de Construção 2018, iniciado, em 2014, e tendo como principal objetivo monitorar as alterações dos hábitos e atitudes na jornada de compra dos consumidores de materiais de construção, quando realizando obras e reformas residenciais.

Em todos esses anos, considerando uma média de 841 entrevistados por pesquisa, pintura residencial foi o tipo de intervenção mais realizada, mas, para efeito desse artigo, vamos nos ater aos últimos quatro anos.

Em 2015, 88% dos entrevistados disseram ter pintado suas residências durante essas obras e reformas; em 2016, 75%; em 2017, 85,4%; e, em 2018, 83,7%.

E, analisando somente essas amostras, é possível perceber uma sensível alteração no nível de contratação dos pintores.

Estariam eles perdendo espaço dentro das obras residenciais?

No Painel de 2015, do total de entrevistados que pintaram as residências durante as obras realizadas de setembro de 2014 a agosto de 2015, 65,5% contrataram pedreiros, e 62,3%, contrataram pintores, o segundo profissional mais contratado.

Já, em 2016, do total de entrevistados que pintaram as residências durante as obras realizadas de setembro de 2015 a agosto de 2016, 78,1% contrataram pedreiros, e 54,3%, contrataram pintores.

Vemos, que na passagem de 2015 para 2016, o número de entrevistados que contratou pedreiros cresceu, enquanto o número de entrevistados que contratou pintores, decresceu.

Em 2017, do total de entrevistados que pintaram as residências durante as obras realizadas de setembro de 2016 a agosto de 2017, 74,2% contrataram pedreiros, e 47,1%, contrataram pintores.

Na passagem de 2016 para 2017, o número de entrevistados que contratou pedreiros decresceu, porém, com menor intensidade do que o número de entrevistados que contratou os pintores.

Por fim, em 2018, do total de entrevistados que pintaram as residências durante as obras realizadas de setembro de 2017 a agosto de 2018, 69,7% contrataram pedreiros, e 37%, contrataram pintores.


Finalizando essa série, é possível afirmar que o número de entrevistados que contratou pedreiros decresceu novamente, porém, permanecendo num nível acima do Painel de 2015, enquanto o número de entrevistados que contratou pintores decresceu pelo quarto ano consecutivo.

Poderíamos sugerir a hipótese de que o Painel detectou o aumento da autoconstrução, ou, ainda, do Faça Você Mesmo.

Enfraquecendo essa hipótese, em todos os anos, também tínhamos a opção “não contratei nenhum executor/Fiz tudo sozinho ou com ajuda de amigos/familiares ou profissionais não remunerados”, e, os resultados foram os seguintes: em 2015, essa opção foi assinalada por 16,3% dos entrevistados; em 2016 – no período correspondente ao auge da crise econômica -, 19,5%; em 2017, 14,3%; e, em 2018, 15%.

Ao que tudo indica, excetuando os resultados de 2016, não ocorreram grandes alterações comportamentais, relativas, principalmente, a autoconstrução ou Faça Você Mesmo, permanecendo, na média, em 15,2% das obras e reformas residenciais.

Resta-nos, então, deduzir, que em relação às grandes obras e reformas realizadas pelas classes A, B e C, nas quatro maiores regiões do Brasil (perfil de todas as amostras dos Painéis), muito provavelmente, os pedreiros, cada vez mais, fazem tudo e, como se não bastasse, ainda pintam.

Se essa tendência se confirmar, isso pode alterar significativamente o perfil dos cursos, treinamentos e políticas de relacionamento das indústrias de tintas, acessórios e do varejo em geral.

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