RECUPERAÇÃO ECONÔMICA NÃO DÁ CONTA DO SERVIÇO

Embora a produção industrial e o comércio dêem indicativos de que crescerão, pelo segundo ano consecutivo, segundo relatórios do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -, relativos ao primeiro bimestre do ano, a Pesquisa Mensal de Serviços, também do IBGE e sobre o mesmo período, ainda não indica para o crescimento do setor em 2018, muito ao contrário.

Considerando dados publicados pela fonte, em 2015, o volume de serviços prestados às famílias encolheu 5,3%; em 2016, encolheu 4,4%, em 2017, encolheu 1,1%; e, no relatório mais recente, relativo ao primeiro bimestre de 2018 comparado com primeiro bimestre de 2017, decresceu 4%.

O setor de serviços como um todo é particularmente importante, já que correspondeu a aproximadamente 75% do valor adicionado do PIB, segundo o mais recente relatório Contas Nacionais Trimestrais do IBGE, relativo ao quarto trimestre de 2017.

Mas, e quando se trata da contratação de mão de obra para a realização de obras e reformas residenciais, o que ocorreu no mercado nos últimos três anos?

Dados do Painel Comportamental do Consumo de Materiais de Construção indicam que os pedreiros têm se tornado, desde 2015, cada vez mais os profissionais com maior nível de contratação para essas obras.

Em 2015, 66,4% dos entrevistados os contrataram, em 2016, esse número cresceu para 71%, e, em 2017, chegou a 73,1%. Paralelamente, no mesmo período, o nível de contratação de pintores decresceu, também ano após anos.

Isso, provavelmente, indica um perfil mais generalista dos executores contratados para a obra, em especial, para pintura residencial.

Já os azulejistas voltaram a crescer em 2017, contratados por 16,5% dos entrevistados, ante 11,8%, no ano de 2016. Esse crescimento acompanhou o crescimento da realização das obras de pisos e azulejos, realizadas por 68,9% dos entrevistados, em 2017, ante 51,2%, no ano de 2016.

Também voltaram a crescer em 2017 os eletricistas, contratados por 29,6% dos entrevistados, ante 22,8%, no ano de 2016. Esse crescimento também acompanhou o crescimento da realização de obras elétricas, realizadas por 63,3% dos entrevistados, em 2017, ante 48,7%, no ano de 2016.

De maneira geral, as obras e reformas realizadas no período de setembro de 2015 a agosto de 2016 foram menores do que as obras realizadas no período de setembro de 2016 a agosto de 2017, correspondendo, respectivamente, aos resultados dos Painéis de 2016 e 2017.

Isso pode ajudar a explicar a recuperação do comércio de materiais de construção, principalmente a partir de fevereiro de 2017: a realização de obras de maior envergadura.

Por outro lado, em relação à autoconstrução, nos três últimos anos não houve qualquer alteração relevante de atitude nos entrevistados das classes A, B e C1, sendo que, em 2015, 17,3% dos entrevistados disseram ter feito tudo sozinhos ou com ajuda de amigos e familiares ou profissionais não remunerados, em 2016 e 2017, o número permaneceu estável, em 17% e 16%, respectivamente.

Ao que tudo indica, apenas considerando esses dados, a principal alteração em relação à contratação de mão de obra durante a crise, se deu na busca de um perfil mais generalista, no entanto, em especial, azulejistas e eletricistas voltaram a crescer comparando 2017 com 2016, o que não ocorreu com pintores, e, também, acrescentamos, encanadores/bombeiros hidráulicos.

Mas, nem por isso, foi possível notar qualquer alteração significativa nas classes A,B e C1, no sentido de realização da obra por conta própria, sendo preferível, até mesmo, diminuir a envergadura da reforma.

Deve-se sempre pensar na importância da prestação de serviços no segmento, e que sua profissionalização e consequentemente aumento de produtividade poderiam contribuir diretamente para a realização de obras de maior magnitude, repercutindo, também, na compra de mais materiais e de maior qualidade.

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