SOBREVIVEU A CRISE? E DAÍ?

No início deste mês, o IBGE divulgou os resultados do PIB do segundo trimestre de 2017, consolidando os diversos dados conjunturais que indicam consistentemente que a desejada recuperação econômica está vagarosamente se tornando realidade.

Apenas para acompanhamento da trajetória desta recuperação, ainda segundo o IBGE, no comparativo primeiro semestre de 2015 com primeiro semestre de 2014, a economia havia encolhido 2,4%, fechando o ano de 2015 com uma retração de 3,8%; no comparativo primeiro semestre de 2016 com primeiro semestre de 2015, a situação continuava piorando e a economia encolhia 4,5%, fechando o ano de 2016 com uma retração ligeiramente menor, de 3,6%; agora, no comparativo primeiro semestre de 2017 com primeiro semestre de 2016, a variação foi nula, o que permitiu para as principais instituições financeiras do país, por meio do primeiro Boletim Focus do Banco Central pós-divulgação, projetar um crescimento em 2017 de 0,6%, e em 2018, de 2,1%.

Porém, não há tempo para comemorações, já que de maneira oposta à lenta retomada do crescimento, surge, em alta velocidade, uma nova maneira pós-crise de consumir produtos e serviços.

Seria no mínimo irônico, uma empresa sobreviver à maior depressão econômica da história brasileira, para, em seguida, sucumbir durante a recuperação.

E isto, obviamente, inclui o segmento de materiais de construção.

Temos acompanhado no Painel Comportamental de Consumo de Materiais de Construção, desde 2014, o surgimento de um consumidor que se utiliza cada vez mais das novas tecnologias e internet durante a fase de pesquisas e compras dos materiais que serão usados em suas obras.

A questão que colocamos nesse artigo é, “de que maneira esses consumidores utilizaram seus smartphones/tablets com acesso a internet numa loja física, no momento da pesquisa e/ou compra dos materiais de construção para a obra?”

Em 2015, considerando uma amostra de 798 consumidores que finalizaram suas obras de setembro de 2014 a agosto de 2015, 37,1% dos entrevistados disseram que não usaram dispositivos móveis na hora da compra numa loja física; já em 2016, considerando uma amostra de 767 consumidores que finalizaram suas obras de setembro de 2015 a agosto de 2016, esse número caiu para 28,3%.

Ou seja, podemos concluir que no espaço de um ano houve um crescimento de 31,1% no uso dos dispositivos móveis no ponto de venda.

Mas, que tipo de uso, então?

Em 2015, 37,5% dos entrevistados disseram que usaram os dispositivos móveis para fotografarem produtos e enviarem para outras pessoas darem opiniões; já em 2016, esse número caiu para 29,5%.

Se essa maior utilização dos dispositivos móveis no ponto de venda não foi para fotografar produtos e pedir opiniões de amigos e familiares, foi então para quê?

Em 2015, 29,1% dos entrevistados disseram que usaram os dispositivos móveis para comparar preços de produtos, negociar e comprar no mesmo momento e mesma loja física; já em 2016, esse número cresceu para 41,1%.

Voltando a 2015, 22,2% dos entrevistados também disseram que usaram os dispositivos móveis para comparar preços de produtos, porém para comprar em outro momento, em outra loja física; já em 2016, esse número cresceu para 35,3%.

Podemos, por fim, concluir que o uso dos dispositivos móveis para pressionar os vendedores da própria loja e comprar nessa mesma loja aumentou em 41,2%, e para desistir e comprar em outro momento e outra loja aumentou em 59%.

Pois é, certamente engana-se quem acha que o pior já passou… Na verdade o desafio está apenas começando.

O sistema de compartilhamento de inteligência de mercado é cogerido por Leroy Merlin, Eucatex, Pincéis Atlas, Votorantim Cimentos e Deca, empresas empenhadas em melhor entender o segmento, contribuindo para sua profissionalização e desenvolvimento.