TECNOLOGIA PARA VENDER MENOS

Segundo dados mais recentes do IBGE, o volume de vendas do comércio de material de construção está crescendo 6,5%, no comparativo acumulado ano agosto de 2017 com acumulado ano agosto de 2016, sendo que na passagem de julho para agosto apresentou o quarto crescimento consecutivo no comparativo mês anterior, desta feita, de 1,8%.

Paralelamente, segundo a PNAD Contínua, também do IBGE, houve um acréscimo de 191.000 pessoas ocupadas no segmento Construção entre junho e agosto, pesquisa esta que detecta também trabalhadores informais ligados a construções, reformas, manutenções correntes, complementações e alterações de imóveis em geral.

Se considerarmos somente trabalhadores contratados no regime CLT, segundo o Ministério do Trabalho, houve um acréscimo de 2.830 celetistas na Construção Civil, fundamentalmente ligados às construtoras, nos meses de julho e agosto. Desde julho de 2014, o segmento não registrava meses consecutivos de crescimento no trabalho formal.

Considerando, então, que a reação no segmento está sendo puxada, principalmente, por consumidores finais que estão construindo, reformando, ampliando, fazendo consertos estruturais, pequenos reparos, manutenção e melhorias em seus lares e comprando no varejo, estará o mercado preparado para atender este consumidor, certamente diferente daquele que existia no período anterior a crise?

Segundo a quarta onda do Painel comportamental do consumo de materiais de construção, que desde 2014 tem entrevistado consumidores que realizaram grandes obras residenciais, em alguns aspectos, não.

Se considerarmos o uso dos smartphones ou tablets no ponto de venda no momento de pesquisa ou compra dos materiais de construção, para obter e comparar informações de preços e características de produtos, houve um crescimento nesse uso: em 2015, 37,1% dos entrevistados alegaram não terem utilizado-os no momento da compra dos materiais na loja física; em 2016, este número caiu para 28,2%; e em 2017, caiu um pouco mais, para 26,1% do total de entrevistados.

Por outro lado, considerando apenas quem respondeu ter utilizado os dispositivos móveis no ponto de venda no momento de pesquisa ou compra dos materiais de construção, há indicativos de amadurecimento na maneira como esses dispositivos são utilizados: em 2015, a maior utilização foi para fotografar os produtos e enviar para outras pessoas darem opiniões, com 37,5%; já, em 2016, foi para comparar preços de produtos, negociar e comprar no mesmo momento e na mesma loja física, com 41,1%; e, por fim, em 2017, foi para comparar preços de produtos e comprar em outro momento, em outra loja física, com 40%; sinalizando para um aumento da perda de clientes no ponto de venda para os concorrentes, talvez por falta de um atendimento bem preparado para lidar com este consumidor mais crítico, bem informado e que utiliza cada vez mais a tecnologia a seu favor.

A despeito das novas tecnologias e transformações digitais, que alteram o comportamento dos consumidores e processos corporativos, a mudança mais profunda diz respeito ao fator humano, e de como os colaboradores serão engajados e desenvolvidos para se adaptarem a essas mudanças e delas tirarem o melhor proveito possível, traduzindo-as em aumento de produtividade e resultados.

O sistema de compartilhamento de inteligência de mercado é cogerido por Leroy Merlin, Eucatex, Pincéis Atlas, Votorantim Cimentos e Deca, empresas empenhadas em melhor entender o segmento, contribuindo para sua profissionalização e desenvolvimento.